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- Mapa revela os bastidores da guerra no Atlântico Sul: um tributo visual à defesa da costa brasileira
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil foi palco de um dos capítulos menos lembrados do conflito global: a guerra submarina no Atlântico Sul. Para resgatar essa memória, o pesquisador Fernando Lino Jr., idealizador do projeto Nos Rastros da História , lançou um mapa inédito e detalhado que mostra toda a movimentação bélica ocorrida na costa brasileira durante o período. Com colaboração do historiador Rudnei Dias da Cunha, o material reúne naufrágios, bases militares e pontos estratégicos que marcaram a presença de forças aliadas e do Eixo no litoral do país. Sob o título “A Guerra no Atlântico Sul: Defesa da Costa Brasileira” , o pôster traz à tona um dos capítulos mais trágicos e esquecidos da Segunda Guerra Mundial: os ataques a embarcações em plena costa brasileira. A cartografia histórica revela a localização exata de mais de 70 naufrágios ocorridos em águas jurisdicionais do Brasil, entre navios mercantes e militares, tanto de nações aliadas quanto do Eixo. Esses naufrágios não apenas representaram perdas materiais, mas simbolizaram o impacto direto da guerra sobre a população civil brasileira, muitas vezes alheia ao conflito global até então. Entre esses episódios, destacam-se os ataques que atingiram 17 embarcações brasileiras, vitimando mais de 1.600 pessoas — a maioria civis, incluindo mulheres e crianças. A brutalidade desses ataques submarinos, promovidos principalmente por U-boats alemães, gerou pânico na população e acelerou a entrada do Brasil na guerra. No entanto, apesar da gravidade e da comoção na época, esse drama marítimo raramente é abordado nos livros escolares, tornando o mapa uma ferramenta essencial para a preservação da memória nacional e para o reconhecimento das vidas perdidas em uma guerra que também foi travada em nosso litoral. A rede de defesa: Brasil e Estados Unidos lado a lado O mapa destaca ainda a complexa estrutura de defesa organizada entre Brasil e Estados Unidos . Estão registradas todas as bases da Força Aérea Brasileira (FAB) , da Marinha do Brasil , e também as bases aéreas e navais norte-americanas construídas ou utilizadas durante a guerra, em locais estratégicos como Belém, Natal, Recife, Salvador, e até Rio Grande (RS). Essa cooperação foi fundamental para o monitoramento das águas do Atlântico Sul, garantindo suporte logístico e operacional à 4ª Frota da Marinha dos EUA , encarregada da patrulha antissubmarino na região. O mapa evidencia como o Brasil se tornou uma peça-chave no tabuleiro de guerra do hemisfério ocidental. Os fantasmas do oceano: U-boats afundados O mapa destaca com clareza os pontos onde submarinos alemães foram afundados ao longo da costa brasileira. Essas embarcações, pertencentes à temida Kriegsmarine de Hitler, patrulhavam o Atlântico Sul em missões de ataque contra navios mercantes e de guerra, buscando interromper o fluxo de suprimentos entre os Aliados. A representação precisa desses locais no pôster permite visualizar o alcance da ofensiva submarina nazista e a resposta enérgica das forças aliadas e brasileiras em conter essa ameaça silenciosa. A presença dos U-boats nas águas tropicais foi um dos maiores desafios estratégicos enfrentados pelo Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Além de causar destruição e mortes, os ataques desses submarinos forçaram a instalação de bases aéreas e navais no litoral, transformando cidades como Natal, Recife e Salvador em centros militares de importância vital. Os combates que levaram à destruição de vários U-boats demonstram a eficácia da cooperação entre Brasil e Estados Unidos, e também revelam que a guerra submarina não se restringiu ao Atlântico Norte — ela também teve seu capítulo mortal nas águas do sul global. Uma memória visual acessível O mapa está disponível em formato pôster A3 por R$ 9,00 para quem deseja adquirir a versão impressa — ideal para colecionadores, professores e entusiastas da história militar. Também foi disponibilizada uma versão digital gratuita , com o intuito de democratizar o acesso ao conhecimento e fomentar o interesse por um episódio crucial da história nacional. Segundo Fernando Lino Jr., “a proposta é não deixar essa memória naufragar. Milhares de brasileiros perderam a vida ou foram diretamente impactados pela guerra, e isso precisa ser lembrado”. Versão formato digital, em PDF: Versão impressa, em formato pôster A3: [Clique aqui para comprar] A iniciativa ainda conta com referências de fontes sólidas e pesquisas detalhadas, como o acervo do site Sixtant , referência internacional em história naval da Segunda Guerra, Acervo histórico da Marinha do Brasil e Arquivos da US Navy.
- Almirante Saldanha: A Jornada de um Ícone da Marinha Brasileira
Durante mais de meio século, o Navio Escola Almirante Saldanha foi um verdadeiro pilar da Marinha do Brasil, simbolizando não apenas o vigor da formação naval brasileira, mas também a entrada definitiva do país no campo da pesquisa oceanográfica moderna. Da sua construção na Inglaterra à sua conversão em laboratório flutuante, o navio marcou época pela versatilidade, longevidade e impacto. A Gênese de um Símbolo O projeto do Almirante Saldanha começou em um momento de reformulação das estruturas navais do Brasil. Com o objetivo de modernizar a formação dos oficiais da Armada, o governo brasileiro, sob a liderança de Getúlio Vargas, encomendou em 1933 a construção de um novo navio-escola ao estaleiro Vickers-Armstrong, na Inglaterra. Lançado ao mar em dezembro do mesmo ano, ele foi batizado em homenagem ao Almirante Luiz Filipe Saldanha da Gama, figura histórica da Revolta da Armada. O navio chegou ao Brasil em 1934 e imediatamente assumiu funções educativas. Suas primeiras viagens foram voltadas para o treinamento de guardas-marinha da Escola Naval, navegando por diversas regiões do Atlântico Sul e Caribe, promovendo também a diplomacia naval brasileira. Um Clássico da Arquitetura Naval Com linhas elegantes e estrutura robusta, o Almirante Saldanha foi projetado como uma corveta de instrução — embarcação especialmente concebida para o treinamento de guardas-marinha. Construído no estaleiro Vickers-Armstrong, na Inglaterra, seu desenho harmonizava a tradição naval europeia com as necessidades modernas da Marinha brasileira. Possuía três mastros, característica típica dos veleiros de instrução, embora também contasse com propulsão mecânica, o que o tornava um navio híbrido e altamente funcional. Com 81 metros de comprimento e 12 metros de boca, deslocava aproximadamente 2.200 toneladas, conferindo-lhe estabilidade e presença imponentes em alto-mar. Sua tripulação era numerosa e diversificada: cerca de 460 pessoas embarcavam a cada missão, incluindo oficiais da ativa, guardas-marinha em formação e civis técnicos ligados às atividades educacionais e científicas. A bordo, os jovens cadetes recebiam treinamento prático em navegação, manobra, comunicações e rotinas de bordo, em um ambiente que simulava, com fidelidade, as condições reais de uma embarcação de guerra. Esse aprendizado em mar aberto era essencial para formar profissionais capacitados, integrando teoria e prática com o rigor disciplinar e operacional da Marinha. Apesar de contar com propulsão a motor — o que era fundamental para missões de longa distância e maior controle —, o Almirante Saldanha preservava seu conjunto completo de velas, que continuava sendo utilizado durante os exercícios. Essa característica não era apenas simbólica: permitia o ensino da navegação à vela, uma tradição que remontava à era da Marinha Imperial e que era valorizada por formar marinheiros mais completos e versáteis. Com isso, o navio representava uma ponte entre o passado e o futuro da navegação militar brasileira. Participações Históricas Em sua extensa carreira, o Almirante Saldanha esteve presente em momentos significativos tanto para o Brasil quanto para a comunidade internacional. Durante a Segunda Guerra Mundial, na década de 1940, embora o navio não tenha participado diretamente de combates, sua função como corveta de instrução foi mantida com responsabilidade e cautela. Operando em áreas marítimas consideradas seguras, o navio seguiu formando oficiais, garantindo que a Marinha brasileira continuasse preparada, mesmo diante das incertezas do cenário global. O treinamento a bordo, realizado sob rígidos protocolos de segurança, assegurava a continuidade da formação naval sem comprometer a integridade da tripulação. Entre as missões mais marcantes de sua trajetória está a participação no Ano Geofísico Internacional (1957–1958), um projeto de cooperação científica global que envolveu mais de 60 países. Durante essa operação, o Almirante Saldanha realizou 162 estações oceanográficas em alto-mar, coletando dados valiosos sobre temperatura, salinidade, profundidade e correntes oceânicas. Os estudos realizados a bordo foram fundamentais para o avanço da oceanografia brasileira e contribuíram para o mapeamento de fenômenos climáticos e geofísicos de grande importância, como o comportamento das correntes marítimas e a dinâmica das massas de água do Atlântico Sul. Outro ponto alto da missão foi a reafirmação da soberania brasileira sobre a Ilha da Trindade, situada no Oceano Atlântico, a mais de 1.100 km da costa do Espírito Santo. A presença do navio na região não apenas garantiu suporte logístico para as pesquisas científicas, como também consolidou o domínio do Brasil sobre o arquipélago, de relevância estratégica e geopolítica. O Almirante Saldanha, assim, firmou-se não apenas como plataforma de ensino, mas como um agente ativo da diplomacia científica e da projeção do poder marítimo nacional. À Deriva no Mar do Norte: Uma Tempestade que Testou a Resistência Durante a viagem de instrução de 1950, o Navio-Escola Almirante Saldanha enfrentou uma das situações mais dramáticas de sua história. Navegando entre a Suécia e a Noruega, a embarcação foi surpreendida por uma tempestade violenta que a deixou à deriva no Mar do Norte. O mar enfurecido causou danos significativos ao navio, incluindo a quebra dos mastros, comprometendo sua capacidade de navegação e comunicação. A tripulação, composta por guardas-marinha em treinamento e oficiais experientes, enfrentou momentos de tensão e incerteza, sem contato com o mundo exterior por um ou dois dias. O radiotelegrafista a bordo, que desempenhava um papel crucial nas comunicações, recorda com emoção os momentos de desespero e a luta pela sobrevivência. "Perdemos contato, ficamos à deriva, o mar enfureceu. Começaram a quebrar os mastros. Ficamos perdidos um dia ou dois. Tivemos sorte, porque podia ter afundado", relatou o veterano em entrevista à Agência Marinha. Mapa da viagem de instrução de 1950 Apesar das adversidades, a tripulação demonstrou coragem e profissionalismo, conseguindo estabilizar a situação e retomar o controle da embarcação. Esse episódio não apenas testou a resistência física e psicológica dos envolvidos, mas também reforçou os valores de disciplina, união e resiliência que caracterizam a formação naval brasileira. A memória desse evento permanece viva entre os ex-tripulantes, sendo lembrada como um marco de superação e aprendizado durante a formação dos oficiais da Marinha. Transformação em Navio Oceanográfico A década de 1960 trouxe uma nova missão ao navio. Em 1966, com apoio da UNESCO, ele foi adaptado e modernizado, tornando-se o primeiro grande navio oceanográfico do Brasil. Foram instalados laboratórios de química, física, biologia e meteorologia, além de equipamentos para sondagens e coleta de amostras em profundidades de até 6.000 metros. Sob a nova designação de Navio Oceanográfico Almirante Saldanha (NOc Almirante Saldanha) , ele foi utilizado tanto pela Marinha quanto por universidades brasileiras, como a USP, a UFRJ e a UERJ, que realizaram diversas expedições científicas ao longo das décadas de 1970 e 1980. Um Fim Modesto para uma Carreira Grandiosa A última missão científica do Almirante Saldanha ocorreu em 1984, marcando o encerramento de uma trajetória de quase meio século de serviços prestados à Marinha e à ciência brasileira. Após essa missão, o navio foi gradualmente retirado de operação, refletindo o avanço tecnológico e a mudança nos padrões de treinamento naval. Em 1990, foi oficialmente desincorporado do serviço ativo, encerrando formalmente sua carreira. Contudo, seu afastamento das atividades não foi acompanhado de uma cerimônia à altura de sua importância histórica — o navio simplesmente deixou de navegar, sem o devido reconhecimento público. Nos anos seguintes, o Almirante Saldanha permaneceu atracado na Baía de Guanabara, em estado de abandono, cenário que provocou tristeza e revolta entre ex-tripulantes, pesquisadores e admiradores da história naval brasileira. A imagem do imponente navio, agora corroído pela ferrugem e pelo tempo, contrastava fortemente com sua antiga glória nos mares do Atlântico. Durante esse período, diversas propostas foram apresentadas com o objetivo de preservar a embarcação, incluindo projetos para transformá-lo em um museu marítimo ou centro cultural flutuante. No entanto, esses planos não prosperaram, seja por falta de recursos, de apoio institucional ou de vontade política. Seu desmantelamento acabou ocorrendo de forma silenciosa, longe dos holofotes e sem homenagens oficiais. Apesar disso, o Almirante Saldanha permanece vivo na memória daqueles que por ele passaram — oficiais, cadetes e cientistas que encontraram em suas cabines e convés um verdadeiro laboratório de aprendizado e descoberta. Seu legado resiste como símbolo de uma era em que a formação naval brasileira caminhava lado a lado com a pesquisa científica, unindo tradição, tecnologia e soberania nacional em uma mesma embarcação. Legado O Almirante Saldanha representou uma era de transição na Marinha do Brasil: da navegação a vela à era científica. Formou dezenas de turmas de oficiais e contribuiu para o início da oceanografia moderna no país, sendo um dos primeiros instrumentos de estudo de nosso litoral e plataforma continental. Sua história é lembrada como um exemplo de longevidade, polivalência e contribuição civil-militar. Um verdadeiro monumento flutuante da história brasileira. Fontes: Marinha do Brasil Arquivo da Marinha Poder Naval - Familia do veterano da Marinha, Sr. José Osório
- Submarinista até o fim: a incrível trajetória do Primeiro-Tenente José Osório, veterano da Segunda Guerra Mundial
No oceano da história brasileira, poucos nomes navegam com tanta dignidade quanto o do Primeiro-Tenente José Osório de Oliveira Filho. Aos 102 anos, ele não é apenas um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial — é uma memória viva da Marinha do Brasil, um verdadeiro símbolo de bravura, disciplina e amor à Pátria. Tudo começou em 1942, quando o Brasil declarou guerra ao Eixo e mobilizou cerca de 7 mil militares para proteger sua extensa costa atlântica. Entre eles, um jovem marinheiro recém-formado pela Escola de Aprendizes-Marinheiros Almirante Batista das Neves, hoje sede do Colégio Naval, em Angra dos Reis (RJ). Foi ali que José Osório iniciou sua jornada, embarcando no poderoso encouraçado São Paulo , um dreadnought de origem britânica que operava pela Marinha desde 1910. Das baterias antiaéreas ao rádio do submarino Durante os anos de combate, Osório integrou a Divisão de Artilharia Antiaérea , alimentando os canhões do encouraçado a vapor em longas jornadas de patrulhamento. Seu batismo de fogo foi a bordo do lendário Encouraçado São Paulo , uma das embarcações mais emblemáticas da história naval brasileira. Construído na Inglaterra e incorporado à Marinha do Brasil em 1910, o São Paulo era um dreadnought da classe Minas Geraes , símbolo de uma época em que o Brasil buscava se afirmar como potência naval no Atlântico Sul. Embora já em seus últimos anos de operação na década de 1940, o navio ainda representava imponência e força. Encouraçado São Paulo Para o jovem marinheiro, embarcar em uma nave daquela magnitude era mais que uma honra — era um desafio. Trabalhando nas seções internas da artilharia, Osório era responsável por manter os canhões operacionais, garantindo que não faltasse munição durante os exercícios e operações. "O calor das caldeiras, o barulho dos motores e a tensão constante faziam parte do nosso cotidiano", recorda. Seu desempenho exemplar lhe rendeu a Medalha de Serviços de Guerra com duas estrelas e, mais tarde, a promoção ao oficialato. Mas os anos de guerra não passaram sem deixar marcas profundas, como lembra com pesar: “Perdi dois amigos Marinheiros que estavam a bordo do cruzador Bahia, que afundou a 800 quilômetros da costa do Rio Grande do Norte”. Mais tarde, como radiotelegrafista , Osório viveu momentos de intensa tensão em alto-mar, como quando o Navio-Escola Almirante Saldanha enfrentou uma violenta tempestade entre a Suécia e a Noruega, nos anos 1950. “Ficamos à deriva, os mastros quebraram, perdemos contato. Foram dias de angústia”, relata. Seu papel na comunicação foi essencial para restabelecer contato e garantir a segurança da embarcação e de sua tripulação. A vocação silenciosa: o chamado dos submarinos Foi na Base Almirante Castro e Silva, na Ilha de Mocanguê (RJ), que o militar encontrou sua verdadeira paixão: o serviço submarino . Mesmo atuando como operador da estação de rádio, ele integrava as tripulações de submarinos sempre que era necessário, participando de missões de instrução e patrulhamento tanto no Brasil quanto no exterior. Em uma das mais emblemáticas missões, integrou a comissão responsável por receber, nos Estados Unidos, os submarinos Humaitá (S14) e Riachuelo (S15) , embarcações que fortaleceram a capacidade operacional da Força de Submarinos brasileira. Uma vida entre gigantes do mar Ao longo de seus 25 anos de carreira, o Primeiro-Tenente José Osório serviu a bordo de algumas das mais notáveis embarcações da Marinha do Brasil — e até dos Estados Unidos. Sua trajetória começou a bordo do lendário Encouraçado São Paulo (1941–1945), um dos dois dreadnoughts da classe Minas Geraes construídos na Inglaterra. Símbolo da modernização naval brasileira no início do século XX, o São Paulo teve papel estratégico na defesa da costa brasileira durante a Segunda Guerra Mundial, atuando como plataforma de artilharia e navio de patrulha. Navio-Escola Almirante Saldanha Nos anos de 1950 e 1951, Osório embarcou no Navio-Escola Almirante Saldanha , um veleiro construído em 1934 para a instrução de guardas-marinha. Durante uma viagem de circunavegação, enfrentou uma violenta tormenta no Mar do Norte, entre a Suécia e a Noruega, que quase levou a embarcação a pique. A tripulação ficou à deriva por dias, em uma das experiências mais dramáticas de sua carreira. Em 1951, passou pelos submarinos S Tymbira (S-12) e Tamoyo (S-13) , ambos antigos submarinos da classe Perla , adquiridos de estaleiros italianos nos anos 30, ambos entraram em servico no Brasil em 1937, dando baixa no fim dos anos 50. Durante o serviço no Tamoyo , uma pane elétrica quase causou uma tragédia a bordo, salvando-se poucos de um possível desastre. Em 1952, participou de treinamentos nos Estados Unidos no submarino USS Diablo (SS-479) , da classe Tench , como parte do processo de transferência tecnológica e formação de submarinistas brasileiros. Pouco depois, integrou a tripulação encarregada de trazer ao Brasil o USS Muskallunge (SS-262) , que foi incorporado à Marinha do Brasil como Humaitá (S-14) . Servindo nesta embarcação entre 1952 e 1956, Osório participou ativamente das primeiras missões brasileiras com submarinos modernos, consolidando sua experiência na Força de Submarinos. Encerrando sua carreira, serviu no Contratorpedeiro CT Ajuricaba (D-11) entre 1958 e 1962. Esta embarcação, originalmente o USS Bennett (DD-473) da classe Fletcher , foi transferida ao Brasil em meio ao processo de renovação da frota, sendo empregada em missões de patrulha e escolta no Atlântico Sul durante os anos mais intensos da Guerra Fria. Contratorpedeiro CT Ajuricaba (D-11) Com passagem por encouraçados, veleiros, contratorpedeiros e submarinos, a história de José Osório é uma síntese viva da evolução da Marinha do Brasil no século XX. 25 anos de mar, memória e missão Foram 25 anos de serviço , repletos de experiências inesquecíveis. Ao olhar para trás, o veterano cita uma frase do poeta Khalil Gibran: “Deve existir algo estranhamente sagrado no sal: está em nossas lágrimas e no mar.” Para ele, o sal do mar e da vida militar se misturam em lembranças de disciplina, companheirismo e superação. “Ser um ‘homem do mar’ trouxe para mim experiências as quais jamais esperei viver”, afirma. “Agradeço à Marinha do Brasil o tempo que ali permaneci, cumprindo o meu dever como cidadão e como soldado. Usque Ad Sub Aquam Nauta Sum ” — “Marinheiro até debaixo d’água” , lema que carrega com orgulho. Condecorações 🎖️ Catálogo de Medalhas – Primeiro-Tenente José Osório Medalha do Mérito Naval Medalha de Guerra da Marinha do Brasil Medalha do dia da Vitória Medalha da Força Naval do Nordeste Medalha de 20 Anos de Serviço Militar Medalha Almirante Tamandaré Medalha Heróis da Batalha do Atlântico Medalha de Confraternização da FEB Distintivo de Submarinista Condecorações do sr.Jo sé Osório Um herói entre nós A história de José Osório é mais do que um registro de feitos militares: é uma lição viva de dedicação, coragem e patriotismo. Enquanto o tempo passa e os nomes vão se perdendo nos livros, homens como ele continuam nos lembrando que a história é feita, acima de tudo, por aqueles que escolheram servir — mesmo quando isso significava descer às profundezas do mar, literalmente. Fontes: - Família do Sr. José Osorio - Marinha do Brasil: https://www.agencia.marinha.mil.br/
- Nos Rastros da História: Uma Jornada de Paixão e Inovação no Mundo da Militaria
Em meio a desafios e incertezas, um artesão encontrou uma maneira singular de transformar seu amor pela história em um negócio próspero e admirado. Assim começou a trajetória de Fernando e sua loja online, Nos Rastros da História, especializada em artigos militares artesanais. Fundada em março de 2019, a loja rapidamente se destacou por sua autenticidade e dedicação aos detalhes, conquistando entusiastas da história militar em todo o Brasil. Nesta entrevista, Fernando compartilha a origem e evolução de Nos Rastros da História, os desafios enfrentados, e as conquistas ao longo dessa jornada de cinco anos. Acompanhe-nos enquanto exploramos como a paixão pela história militar se transformou em uma história de sucesso e inovação. Entrevistador: Há cinco anos, em março de 2019, nasceu a Nos Rastros da História. Fernando, você poderia nos contar como surgiu essa ideia e como tem sido essa jornada? Fernando: Claro! Tudo começou com meu interesse pela história da Segunda Guerra Mundial. Há mais de dez anos, eu já vendia artigos relacionados no Mercado Livre. Em 2019, enquanto enfrentava desemprego e insatisfação com o mercado de trabalho, tive uma epifania ao olhar para uma simples caixa de frutas, dessas de madeira, ali nasceu a ideia! Já estava envolvido com alguns artesanatos, mas ainda não tinha me aventurado na criação de placas. Inspirado por uma imagem na internet, recriei a famosa placa "Halt!" exposta no campo de concentração de Auschwitz. Um cliente que comprava artigos militares comigo se interessou pelo trabalho final e encomendou algumas placas diferentes. Foi aí que tudo começou de verdade. Entrevistador: E depois das placas, como foi a expansão dos produtos da Nos Rastros da História? Fernando: Comecei com as placas, mas rapidamente expandi para brasões, caixas, braçadeiras, bandeiras, reproduções e miniaturas. A aceitação foi incrível e o negócio cresceu. No entanto, entre 2022 e 2023, as vendas não estavam indo tão bem, e eu também tinha o desejo de morar no exterior. Decidi então levar a loja para Portugal. Entrevistador: E como foi a experiência em Portugal? Fernando: Estive em Portugal por um ano, mas as coisas não saíram conforme planejado. No final de 2023, percebi que era hora de voltar ao Brasil. No início de 2024, reabri as encomendas aqui, retomando os negócios com mais força. Investi em novidades, como peças em 3D, o que ampliou significativamente nosso leque de produtos. Entrevistador: Quais foram os maiores desafios ao longo dessa jornada? Fernando: O maior desafio foi equilibrar a paixão pela história militar com a necessidade de inovar e atender às demandas do mercado. A experiência em Portugal, apesar de não ter sido como esperava, me ensinou muito sobre resiliência e adaptação. Outro desafio foi entender o gosto do público e ajustar os produtos para atender a essas preferências. Entrevistador: E quais são os planos futuros para a Nos Rastros da História? Fernando: O plano é continuar investindo e ampliando nossa linha de produtos. Aprendemos muito com os erros e acertos do passado, o que nos permitiu conhecer melhor o mercado e o público. Estamos constantemente buscando novas ideias e tecnologias para oferecer produtos cada vez mais exclusivos e de alta qualidade para os amantes de artigos militares. Entrevistador: Fernando, agradecemos muito pela sua disponibilidade e desejamos muito sucesso para a Nos Rastros da História. Fernando: Eu que agradeço pela oportunidade de compartilhar minha história. O apoio e interesse dos clientes e da comunidade são fundamentais para continuarmos crescendo e inovando. A paixão de Fernando pela história militar, combinada com sua habilidade artesanal, garante que cada peça da Nos Rastros da História não seja apenas um produto, mas uma obra de arte que conta uma história. Para aqueles que compartilham esse interesse pela história militar, a loja é um verdadeiro tesouro, oferecendo produtos únicos que celebram e preservam o legado histórico. Embarque nesta jornada e descubra as preciosidades que Nos Rastros da História tem a oferecer. Cada peça é mais do que um item para colecionar – é uma conexão tangível com o passado, meticulosamente criada para os verdadeiros aficionados pela militaria.
- Heróis do Brasil: Miniaturas que Contam a História de Valor e Sacrifício
Em um estúdio acolhedor na ensolarada São Paulo, o talentoso artista plástico João Pedro dá vida a uma homenagem única aos ícones que moldaram a história do Brasil. Seu projeto, intitulado " Heróis do Brasil ", transcende a mera criação de miniaturas, oferecendo uma jornada encantadora através dos grandes nomes que influenciaram o destino da nação. Em cada minúscula estatueta, cuidadosamente pintada à mão, reside uma história fascinante. Desde o majestoso imperador D. Pedro II até os estrategistas militares como o Barão do Rio Branco, cada figura é uma obra-prima em miniatura, capturando a essência e a grandiosidade de suas contrapartes históricas. O processo meticuloso de criação das miniaturas é uma verdadeira celebração da arte. Começando com a elaboração digital em 3D, cada detalhe é cuidadosamente planejado antes de ser delicadamente reproduzido em resina. No auge desse processo, a pintura minuciosa ganha vida sob as habilidosas pinceladas de João Pedro, um verdadeiro labor que pode consumir horas, às vezes até dias. Não apenas um artista, mas também um artesão dedicado, João Pedro transformou seu estúdio em um santuário da criatividade. É lá que cada miniatura ganha vida, imbuída com a paixão e o cuidado que só um verdadeiro artista pode proporcionar. Por meio dos "Heróis do Brasil", João Pedro não apenas captura a imaginação, mas também a alma de uma nação. Essas miniaturas encantadoras não são apenas peças de colecionador, mas verdadeiros tesouros que conectam admiradores de todo o mundo com a rica história e cultura do Brasil. Então, mergulhe nesse universo em miniatura e descubra a beleza e a profundidade que aguardam em cada figura esculpida por esse talentoso artista brasileiro. Entrevista Exclusiva: Conhecendo os Bastidores do Projeto "Heróis do Brasil" Em uma conversa franca e inspiradora, tive o privilégio de entrevistar João Pedro, o talentoso artista por trás das fascinantes miniaturas da série "Heróis do Brasil". Nessa entrevista exclusiva, ele compartilhou conosco sua jornada desde o início de sua carreira até a concepção desse projeto tão singular. Entrevistador: João, quando você começou a fazer miniaturas? João Pedro: Há mais de dez anos que pinto miniaturas, sempre foi como um hobby e sempre miniaturas importadas. De forma profissional foi desde 2018, quando encomendas começaram a aumentar e também comecei a pensar a viver disso. Entrevistador: Como foi deixar um emprego registrado para seguir neste ramo de miniaturas? João Pedro: Foi uma mudança radical, em todos os sentidos. Além de sua renda diminuir, você tem que repensar todo seu estilo de vida. Hoje em dia, graças a muito esforço e compreensão da família, tudo se estabiliza e se adapta a esta nova realidade. Aprendi a administrar melhor as finanças do estúdio e pessoais, mas através de muita disciplina. Entrevistador: Quando surgiu a ideia da série de miniaturas "Heróis do Brasil"? João Pedro: Desde que comecei a pintar, eu senti necessidade de figuras da nossa História, porém não se encontra em lugar algum... Foi com o tempo que tirei o projeto do papel e com muito empenho sigo até hoje com ele, graças a ajuda da família, dos clientes e de amigos, vide exemplo vocês dos Rastros da História, que além de me acompanhar do início, sempre me apoiaram no projeto! A série "Heróis do Brasil" é mais do que uma coleção de miniaturas; é uma ode à história e ao espírito empreendedor de um artista brasileiro extraordinário. Abaixo as miniaturas lançadas até o momento, e que você pode adquirir com exclusividade através do website www.miniaturasdojp.com.br Explorando o Legado dos Zuavos da Bahia: Uma Adição Notável às "Heróis do Brasil" Ao imergir no cativante universo das miniaturas "Heróis do Brasil", uma figura em particular se destaca, não apenas por sua importância histórica, mas também pela sua representação meticulosa e respeitosa. Trata-se dos Zuavos da Bahia. Os Zuavos da Bahia foram uma tropa militar formada durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), composta principalmente por afrodescendentes e mulatos baianos. Esses soldados eram conhecidos por sua bravura, habilidade e lealdade à causa brasileira, e desempenharam um papel significativo no conflito. Representar os Zuavos da Bahia em miniatura não é apenas uma escolha estética, mas também uma forma de homenagear sua coragem e contribuição para a história do Brasil. Barão do Rio Branco: Uma Miniatura Histórica na Coleção "Heróis do Brasil" Entre as notáveis figuras imortalizadas na coleção "Heróis do Brasil", destaca-se a representação meticulosa do ilustre Barão do Rio Branco. Barão do Rio Branco, cujo nome de batismo era José Maria da Silva Paranhos Jr., foi uma das figuras mais proeminentes da história brasileira. Reconhecido por sua habilidade diplomática e visão estratégica, desempenhou um papel crucial na consolidação e expansão dos territórios brasileiros durante o final do século XIX e início do século XX. Sua notável carreira incluiu diversos feitos, como a resolução de disputas territoriais com países vizinhos, como a Argentina e o Uruguai, e a mediação de acordos que garantiram a soberania brasileira sobre extensas áreas da Amazônia e do atual estado de Acre. José Bonifácio: Uma Figura Emblemática na Coleção "Heróis do Brasil" Na coleção "Heróis do Brasil", uma das miniaturas mais notáveis é a representação cuidadosamente elaborada de José Bonifácio. Ao contemplar esta peça, é essencial explorar a história por trás deste personagem emblemático, cuja influência perdura ao longo do tempo. José Bonifácio de Andrada e Silva foi uma das figuras mais influentes durante o período colonial e os primeiros anos do Brasil independente. Conhecido como o "Patriarca da Independência", sua visão e liderança desempenharam um papel crucial na luta pela emancipação do Brasil do domínio português. Além de seu papel na independência, José Bonifácio também teve um impacto significativo em diversos aspectos do desenvolvimento do Brasil. Como estadista e intelectual, ele contribuiu para a fundação da primeira universidade brasileira, além de desempenhar um papel fundamental na promoção da ciência e da educação no país. A miniatura de José Bonifácio na coleção "Heróis do Brasil" não é apenas uma representação física do homem, mas sim uma homenagem ao seu legado duradouro. Cada detalhe cuidadosamente esculpido evoca a presença imponente e a determinação incansável desse visionário patriota. Dom Pedro II: Uma Figura Majestosa na Coleção "Heróis do Brasil" Dentre os tesouros da coleção "Heróis do Brasil", destaca-se a miniatura meticulosamente confeccionada de Dom Pedro II. No entanto, para além de apenas admirar essa representação artística, é crucial explorar a narrativa que envolve essa figura majestosa, cujo legado se estende profundamente pela história do Brasil. Dom Pedro II, o último imperador do Brasil, reinou por mais de cinquenta anos e foi uma figura central em um período crucial da história do país. Seu governo foi marcado por avanços significativos em diversas áreas, incluindo ciência, cultura e educação. Como monarca ilustrado, Dom Pedro II foi um defensor apaixonado do progresso e da modernização do Brasil. Ele apoiou a construção de estradas de ferro, a expansão do telégrafo e o desenvolvimento das artes e das ciências. Além disso, ele desempenhou um papel importante na abolição da escravidão no Brasil, promulgada em 1888. A miniatura de Dom Pedro II na coleção "Heróis do Brasil" é mais do que uma representação física do monarca; é uma homenagem ao seu legado de liderança e dedicação ao país. Cada detalhe minucioso na figura evoca a presença imponente e a influência duradoura desse grande líder. Assim, ao contemplar a miniatura de Dom Pedro II, somos convidados não apenas a apreciar a habilidade artística por trás da obra, mas também a refletir sobre o impacto extraordinário desse monarca na história e na identidade do Brasil. O Cavaleiro do Regimento de Dragões do Rio Grande: Honra e Tradição na Coleção "Heróis do Brasil" Dentre as ilustres miniaturas que compõem a coleção "Heróis do Brasil", uma figura se destaca pela sua imponência e tradição: o Cavaleiro do Regimento de Dragões do Rio Grande. Enquanto admiramos essa representação fiel, é fundamental compreender a história e o significado por trás desse símbolo de honra militar. O Regimento de Dragões do Rio Grande, uma das unidades mais antigas e respeitadas do Exército Brasileiro, tem suas raízes profundamente entrelaçadas com a história do Brasil. Desde sua fundação, em 1801, o regimento tem desempenhado um papel fundamental na defesa da soberania nacional e na preservação da ordem pública. Os Cavaleiros do Regimento de Dragões do Rio Grande são reconhecidos por sua destreza e bravura no campo de batalha, bem como por seu compromisso com os mais altos ideais de serviço e lealdade. Sua presença na coleção "Heróis do Brasil" não apenas celebra sua coragem e dedicação, mas também preserva sua memória para as gerações futuras. A miniatura do Cavaleiro do Regimento de Dragões do Rio Grande é uma homenagem à tradição e ao sacrifício daqueles que serviram e continuam a servir em suas fileiras. Cada detalhe meticulosamente elaborado na figura é um testemunho da nobreza e da força desses verdadeiros heróis brasileiros. O 1º Regimento de Cavalaria de Guardas: Elegância e Tradição na Coleção "Heróis do Brasil" Entre as magníficas miniaturas que compõem a coleção "Heróis do Brasil", destaca-se a representação distinta do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas. Ao apreciar essa peça única, é essencial compreender a história e o significado por trás desse renomado regimento, que personifica a elegância e a tradição da cavalaria brasileira. O 1º Regimento de Cavalaria de Guardas, também conhecido como "Dragões da Independência", tem uma história que remonta aos primórdios do Brasil independente. Fundado em 1822, este regimento de elite desempenhou um papel crucial na proteção e na defesa dos líderes políticos e dignitários do país. Os Guardas do 1º Regimento de Cavalaria são reconhecidos não apenas por sua habilidade e destreza no campo de batalha, mas também por sua impecável apresentação e conduta exemplar. Eles personificam os mais altos ideais de honra, coragem e serviço ao Brasil. A inclusão do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas na coleção "Heróis do Brasil" é uma homenagem à sua história gloriosa e ao seu legado duradouro. Cada detalhe meticulosamente elaborado na miniatura evoca a distinção e o orgulho associados a esses nobres guardiões da nação. Maria Quitéria: Uma Guerreira Destemida na Coleção "Heróis do Brasil" Entre as figuras notáveis da coleção "Heróis do Brasil", emerge a representação impressionante de Maria Quitéria. Ao contemplar essa miniatura, é crucial entender a história fascinante e inspiradora por trás dessa guerreira destemida, que desafiou convenções e defendeu sua pátria com bravura. Maria Quitéria de Jesus, nascida em Feira de Santana, Bahia, em 1792, desafiou as expectativas sociais de sua época ao se alistar secretamente no exército brasileiro durante a Guerra da Independência. Sob o disfarce de um homem, ela lutou corajosamente em várias batalhas, demonstrando habilidade militar e dedicação à causa da independência. Sua bravura e determinação foram reconhecidas pelo próprio imperador Dom Pedro I, que a condecorou com a Ordem Imperial do Cruzeiro. Maria Quitéria tornou-se um símbolo de coragem e patriotismo, inspirando gerações futuras de mulheres brasileiras a desafiar as limitações impostas pela sociedade. A inclusão da miniatura de Maria Quitéria na coleção "Heróis do Brasil" é uma homenagem à sua valentia e contribuição para a história do país. Cada detalhe meticulosamente elaborado na figura captura a essência dessa guerreira intrépida, cujo legado continua a inspirar e empoderar. Ao contemplar essa miniatura, somos lembrados não apenas da habilidade artística por trás da obra, mas também da história extraordinária de Maria Quitéria e de seu papel na luta pela independência do Brasil. Ela é uma verdadeira heroína nacional, cujo exemplo ressoa através dos séculos. Cabo Adão e a Força Expedicionária Brasileira: Valor e Sacrificio na Coleção "Heróis do Brasil" Entre as marcantes figuras retratadas na coleção "Heróis do Brasil", a representação do Cabo Adão da Força Expedicionária Brasileira (FEB) destaca-se como um símbolo de valor e sacrifício. Ao explorar essa miniatura, é essencial compreender a história envolvente por trás desse bravo soldado, cuja coragem e dedicação marcaram profundamente a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. O Cabo Adão, cujo nome completo era Adão Pereira da Rosa, foi um dos milhares de brasileiros que se voluntariaram para lutar ao lado das forças aliadas durante o conflito global. Como membro da FEB, ele enfrentou os campos de batalha da Europa com bravura inabalável, participando de importantes operações militares, como a tomada de Monte Castello, na Itália, onde se destacou por ser responsável pelo primeiro tiro de artilharia da FEB naquele teatro de operações. A FEB, composta por soldados brasileiros, desempenhou um papel significativo no teatro de operações europeu, lutando contra as forças do Eixo e contribuindo para a libertação de territórios ocupados pelos nazistas. O sacrifício e a determinação dos soldados da FEB são amplamente reconhecidos e honrados, tanto no Brasil quanto no exterior. A inclusão da miniatura do Cabo Adão na coleção "Heróis do Brasil" é uma homenagem comovente ao seu serviço e à sua bravura, evocando a presença firme e o espírito indomável desse herói brasileiro, cujo legado continua a inspirar as gerações futuras. Ao contemplar essa miniatura, somos convidados a refletir sobre o extraordinário sacrifício dos soldados da FEB e a reconhecer sua contribuição vital para a defesa da liberdade e da democracia. O Cabo Adão representa não apenas um indivíduo, mas toda uma geração de brasileiros que lutaram com coragem e honra em nome de seu país. Marechal Cândido Mariano Rondon: Desbravando Fronteiras na Coleção "Heróis do Brasil" Dentre as figuras imponentes da coleção "Heróis do Brasil", está a representação do Marechal Cândido Mariano Rondon. Ao mergulhar na história por trás dessa miniatura, somos transportados para os confins das fronteiras brasileiras, onde a coragem e a determinação desse grande líder deixaram uma marca indelével. Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon foi muito mais do que um militar; ele foi um verdadeiro desbravador e humanitário. Sua dedicação à expansão e exploração do território brasileiro, especialmente na região amazônica, é lendária. Rondon também é conhecido por sua atuação na proteção dos povos indígenas e na promoção da comunicação e do progresso nessas áreas remotas. Sua famosa máxima "Morrer se preciso for; matar, nunca" é um testemunho de sua abordagem pacífica e respeitosa em suas interações com as populações indígenas. Esta filosofia humanitária e sua visão de um Brasil unido e desenvolvido ecoam até os dias de hoje. Ter a miniatura do Marechal Cândido Mariano Rondon na coleção "Heróis do Brasil" é uma reverência à sua vida excepcional e ao seu legado eterno. Cada detalhe meticulosamente esculpido na figura evoca a presença marcante e a sagacidade singular desse líder visionário. Ao admirar essa miniatura, somos instigados não apenas a admirar a perícia artística por trás da obra, mas também a ponderar sobre o impacto revolucionário de Rondon na história e na identidade do Brasil. Ele é um autêntico ícone nacional, cuja bravura e perspicácia moldaram o curso de uma nação. Voluntário da Pátria na Guerra do Paraguai: Engenheiros Militares na Coleção "Heróis do Brasil" Entre as figuras da coleção "Heróis do Brasil", temos o Voluntário da Pátria do Corpo de Engenheiros do Exército, cuja bravura e dedicação deixaram uma marca indelével durante a Guerra do Paraguai. Ao examinarmos essa miniatura, somos transportados para os campos de batalha onde esses engenheiros militares desempenharam um papel vital em uma das campanhas mais significativas da história brasileira. Durante a Guerra do Paraguai, o Corpo de Engenheiros do Exército desempenhou um papel crucial na construção e manutenção das infraestruturas necessárias para o sucesso das operações militares. Desde a construção de pontes estratégicas até a preparação de fortificações defensivas, esses engenheiros demonstraram habilidade e coragem em condições muitas vezes adversas. Os Voluntários da Pátria, como parte integrante do Corpo de Engenheiros, demonstraram um compromisso inabalável com o serviço à nação, arriscando suas vidas em nome da defesa do Brasil. Sua expertise técnica e dedicação ao dever foram fundamentais para enfrentar os desafios logísticos e táticos enfrentados durante o conflito. Ter a miniatura do Voluntário da Pátria do Corpo de Engenheiros do Exército na coleção "Heróis do Brasil" é uma reverência à contribuição significativa desses engenheiros militares para a vitória brasileira na Guerra do Paraguai. Cada detalhe meticulosamente elaborado na figura evoca a bravura e o sacrifício desses heróis que colaboraram para garantir a segurança e a integridade do Brasil. Ao admirar essa miniatura, somos recordados não apenas da maestria artística por trás da obra, mas também da importância dos engenheiros militares na história bélica do Brasil. Eles são genuínos ícones, cujo legado perdura, continuando a inspirar e a ressoar até os dias de hoje. Para adquirir as miniaturas da série "Heróis do Brasil" acesse: www.miniaturasdojp.com.br ou Instagram: @miniaturasdojp
- Um visita ao Passado - Parte 1 - Fotos Then and Now
Nesta série de postagens vou mostrar a vocês a minha visão quando viajo para locais históricos. Pois sempre nas viagens que faço vou com a mente lá atrás, no passado, olhando para o quão rica é a história do lugar e o quanto de acontecimentos incríveis ocorreu ali. Ter uma visão de "historiador" é importante para valorizar a sua viagem, para quando passar por determinados pontos entender, mesmo que superficialmente, a importância de um simples bloco de concreto, de um risco na parede, ou até mesmo de um degrau mais gasto. Essas coisas podem esconder grandes histórias que certamente tornarão a viagem bem mais interessante, não limitando-a a apenas "os pontos famosinhos" que as pessoas correm para tirar fotos, junto com as massas, para botar nas redes sociais. Igreja de St. Gervais, Falaise, 1944 - Normandia, França Se você estiver na Normandia ou em qualquer lugar da França, notará muitas igrejas antigas, algumas do século 11 e outras ainda mais antigas. Falaise é uma cidade importante, primeiro porque Guilherme, o Conquistador, nasceu aqui, seu castelo domina a cidade e segundo porque foi por um tempo a residência dos duques da Normandia, o que significa que Falaise não só tem uma longa história, mas também carrega consigo uma ar pitoresco específico das cidades da Bretanha e Normandia. Isso em parte devido aos muitos edifícios antigos, às vezes medievais, como casas e especialmente igrejas. St Gervais que foi construída durante o século 11 e é tão antiga quanto a cidade. Foi construída por Guilherme o Conquistador e terminada por seu filho Henrique, foi reconstruída após um cerco em 1204 em estilo gótico e assim permaneceu até o verão de 1944. O edifício é uma igreja gótica clássica, isso é visível através das decorações nos portais de entrada e o uso extensivo de arcos abobadados. Um exemplo da fase gótica inicial e intermediária, é um marco importante que preserva a história da Normandia. E assim aconteceu que durante o final de agosto de 1944, o 7º exército alemão e outros elementos do Grupo de Exércitos B estavam em plena retirada no rescaldo da operação Cobra e do fracasso do contra-ataque na operação Luttich. Todo o exército corria o risco de ser cercado na área entre Trun, Chambois, Argentan e Falaise, uma situação perigosa que levaria ao colapso de todo o exército alemão na França. Paul Hausser comandava o 7º exército e tentava desesperadamente manter o bolsão aberto para que o maior número possível de tropas pudesse escapar em direção ao Sena na esperança de estabelecer uma nova linha defensiva ali ou mais a leste. As forças britânicas e canadenses estavam se aproximando do norte depois que Caen caiu, enquanto as forças americanas e polonesas pressionavam do sul e do oeste. No evento, uma série de batalhas desesperadas foram travadas pelos vilarejos de Trun, Chanbois, Argentan e, claro, Falaise. Depois de vários contra-ataques dos alemães, ataques aéreos e ataques dos aliados, a cidade ficou em ruínas e a igreja foi severamente danificada durante os intensos combates. Felizmente, a igreja tinha uma estrutura robusta com grossas paredes de pedra, a alvenaria se manteve firme e mesmo que as janelas fossem explodidas a estrutura resistiu às balas de munição disparadas contra ela. Exceto pela torre sineira, a maior parte da estrutura do edifício foi deixada em pé. O edifício foi restaurado com sucesso nas décadas seguintes para que este fabuloso monumento da arquitetura gótica perdurasse por gerações. Carentan, 1944 Carentan dispensa comentários quando o assunto é a importância dessa cidade no contexto do Dia D e os combates que se seguiram nela, envolvendo as tropas da lendária 101º airborne. Aqui vemos uma imagem logo após a libertação da cidade, com tropas norte-americanas reunidas com crianças francesas, elas estão ao pé do monumento aos mortos da Primeira Guerra Mundial, esse monumento fica em uma praça no centro da cidade. Foi neste local que ocorreu uma cerimônia com as tropas aliadas nos dias que se seguiram a libertação da cidade. Argentan, 1944 No dia 20 de agosto de 1944, tropas norte-americanas da 80ª Divisão de Infantaria finalmente chagam no "Hotel de Ville" prefeitura de Argentan, concluindo assim a tomada da cidade. Vemos na imagem a bandeira norte-americana hasteada no prédio. Argentan, 1944 Aqui vemos um tanque alemão Panther da 116ª Divisão Panzer, tirado de operação na Rue de la Poterie, resultado dos intensos combates com as tropas norte-americanas. EGLISE SAINT GERMAIN, sec. XVII Essa imagem é curiosa pelo fato de quão antiga é essa igreja, com sua construção datando de 1613! Mantendo até hoje boa parte das caracteristícas originais e também por ela ter sido parcialmente destruída durante a Segunda Guerra. A Eglise Saint German está situada na cidade de Argentan, região do Orne na Normandia, feita em estilo Gótico como a maioria das igrejas encontradas na região. Paris, 1944 A Libertação de Paris: À sombra do Arco do Triunfo, dois soldados da 2ª Divisão Blindada Francesa atiram em atiradores alemães e milícias francesas pró-alemãs que estavam fazendo uma tentativa de ataque para libertar prisioneiros alemães Argentan, 1944 Foi da Eglise Saint German em Argentan, podendo ver os danos causados pela artilharia e bombardeiros aliados. Aqui vemos um oficial inglês caminhando pela cidade. Sainte-Marie-du-Mont, 1944 A primeira missa celebrada no primeiro domingo após os desembarques do Dia D na Normandia. Realizado na igreja de Sainte-Marie-du-Mont. Paris está em Chamas? (filme) Essa cena chegou a me confundir por um tempo, até chegar ao clássico filme de 1966 " Paris está em chamas? " que mostra a libertação de Paris. Filme francês com ótimas cenas de combate, mostrando a história real da ordem de Hitler para destruir completamente a cidade, ordem essa que não foi seguida pelo general von Choltitz, tanto que depois ele ficou conhecido como "o salvador de Paris". Confira a cena final do filme: https://www.youtube.com/watch?v=cxkmyA1PkCY Argentan, 1944 Aqui temos outra visão do Panther da 116ª Divisão Panzer, tirado de operação na Rue de la Poterie. Vemos tropas norte-americanas descansando ao lado dele. Caen, 1944 Aqui, na Rue Montoir Poissonnerie próximo da igreja de St-Pierre tropas britânicas estacionadas em posição defensiva, com um canhão anti-tanque de 6" em uma esquina e diversos tanques Sherman estacionados logo atrás, centro de Caen, 10 de julho de 1944. Eglise Saint-Germain, Argentan Essa imagem tem um contexto triste pois mostra o padre, responsável por essa igreja, lamentando com as mãos levantadas aos céus, enquanto observa a destruição causada pelos bombardeios. Podemos notar pela claridade que parte do telhado cedeu. Vimoutiers, 1944 Esse tanque Tiger está em exposição no pequeno vilarejo de Vimoutiers, afastado da maioria dos turistas! O tanque foi abandonado por sua tripulação em agosto de 1944 durante os últimos estágios da Batalha da Normandia . Originalmente descansando em uma vala à beira da estrada, foi comprado pela comuna local e exposto em 1975. Está listado como monumento histórico. Entre 12 e 20 de agosto de 1944, os Aliados lançaram uma ofensiva para fechar o bolsão de Falaise em Chambois , de onde os remanescentes do exército alemão tentavam escapar. Vimoutiers estava perto da junção das forças anglo-canadenses e polonesas no norte e das forças americanas e francesas no sul. Em 21 de agosto de 1944, junto com outros tanques alemães (Panthers, Panzer IIIs e IVs e outros Tigers) e uma variedade de veículos militares, o Tiger estava saindo do bolsão de Falaise para um depósito de combustível no Chateau de l'Horloge em Ticheville durante os últimos dias da Batalha da Normandia. Suspeita-se que o tanque ficou sem combustível na RN 179 logo após deixar Vimoutiers. A tripulação do tanque abandonou o tanque e detonou duas cargas explosivas no veículo, que deixaram a torre do tanque imobilizada e danificaram a parte do motor, deixando rachaduras distintas nas grossas placas blindadas. Cerca de sessenta veículos blindados alemães foram abandonados nas proximidades de Vimoutiers. Unidades avançadas da 2ª Divisão Canadense (os Black Watch ) mais tarde retiraram o tanque da estrada (sendo uma obstrução ao tráfego rodoviário) e o derrubaram em um aterro raso ao lado dele. Le Havre, 1945 A igreja de Notre-Dame parcialmente destruída, resultado dos intensos bombardeios aliados que a cidade sofreu. Quase inteiramente destruído pelos bombardeios aliados de 5 e 6 de setembro de 1944, o centro de Le Havre foi reconstruído, fazendo uma varredura completa das antigas estruturas. Enquanto Paris foi libertada desde 25 de agosto de 1944 e os Aliados se firmaram nas praias onde desembarcaram em 6 de junho, do outro lado do estuário do Sena, no início de setembro de 1944, o povo de Le Havre ainda esperava sua libertação após cinco longos anos de ocupação. Em 3 de setembro, os Aliados pediram a rendição ao coronel Eberhard Wildermuth, que comandava a forte guarnição alemã de cerca de 12.000 homens. A oferta foi rejeitada. O 1º Corpo do Exército Britânico, comandado pelo General Crocker, cercou a cidade como parte da Operação Astonia, destinada a tomar Le Havre após a captura de Cherbourg e Dieppe, a fim de criar uma grande cabeça de ponte no noroeste da Europa, um prelúdio para a libertação total do continente. Em 5 de setembro de 1944, cerca de 350 aeronaves da Royal Air Force lançaram 1.800 toneladas de bombas explosivas e 30.000 bombas incendiárias na cidade. No dia seguinte, a força aérea britânica procedeu em seis ondas, lançando um total de 1.500 toneladas de bombas explosivas e 12.500 bombas incendiárias. A esses ataques do céu são adicionados os projéteis disparados dos navios da Royal Navy posicionados no mar. Após esse intenso ataque de artilharia, o assalto propriamente dito começou em 10 de setembro. As tropas anglo-canadenses finalmente entraram em Le Havre em 12 de setembro de 1944 no final da manhã, ao custo de menos de 500 mortos em suas fileiras. Mas para a cidade o balanço foi pesado, muito pesado: dois mil civis mortos, 80.000 vítimas, 12.000 edifícios destruídos. O centro histórico foi quase totalmente destruído, em uma libertação que custou bem caro para a população local.
- Operação Brasil
Como o U-507 colocou o Brasil na 2º Guerra Mundial Em meados de 1942 a força aérea do Brasil tornou-se ativa na caça e ataque a submarinos alemães, então já estava na luta embora a nação fosse oficialmente neutra, mas entre 15 e 19 de agosto, o naufrágio de seis navios na costa brasileira levou a república à guerra. Notavelmente, o exército queria vingar a morte dos 16 oficiais e 125 homens de seu Sétimo Grupo de Artilharia no navio de passageiros Baependy (afundado em 15 de agosto). O naufrágio do Baependy levantou questões que não foram abordadas, sobre a competência dos líderes do exército que não tomaram as precauções adequadas contra a conhecida ameaça submarina. Eles podem ter pensado que o tráfego costeiro pacífico não seria atacado. Pode confundir os leitores que a Marinha do Brasil não forneceu uma escolta armada. As duas Forças não estavam acostumadas a cooperar e a Marinha ainda não tinha capacidade antissubmarino. Oficial brasileiro da época, Nelson Werneck Sodré, em suas memórias, condenou a inépcia de Dutra e Góes por permitirem uma movimentação de tropas tão obviamente perigosa e a insensibilidade da burocracia do Exército em indenizar os sobreviventes com apenas um mês de pagamento, cujo pagamento foi atrasado. Infelizmente, Sodré fertilizou os rumores criados pelos nazistas sobre a responsabilidade americana pelos naufrágios, dizendo que não havia provas de que os submarinos fossem alemães. Mapa mostrando os submarinos e navios afundados ao longo da costa brasileira. Ilustração do afundamento do Baependy. Claro que havia provas, ou Sodré ignorava ou talvez não quisesse acreditar. Tanto a Alemanha quanto a Itália tinham submarinos operando no Atlântico Sul. Em 2 de junho de 1942, a imprensa brasileira noticiou que tripulações aéreas brasileiras voando B-25s haviam afundado dois submarinos italianos. A Rádio Berlim alertou que a retaliação seria rápida. As autoridades de Natal ordenaram um apagão para dificultar os ataques noturnos. Fuzileiros navais da Base Aérea de Natal cavaram trincheiras e montaram metralhadoras. O medo tomou conta do povo de Natal por causa das ameaças de rádio. O governo alemão via a cooperação brasileira com as forças americanas como o fim da neutralidade brasileira e acreditava que quando o Brasil estivesse pronto entraria formalmente na guerra. Da mesma forma, as autoridades alemãs pareciam ofendidas com o fato de uma nulidade militar de raça mista ousar tomar medidas defensivas contra os navios do Eixo. O comandante da Marinha Alemã, Grande Almirante Erich Raeder, em 15 de junho de 1942, reuniu-se com Hitler, que aprovou um ataque maciço de submarino aos portos brasileiros e à navegação de cabotagem, denominado “Operação Brasil”. Depois disso, vários submarinos, variadamente relatados como oito a dez, deixaram os portos franceses para o Atlântico Sul. A frota brasileira era praticamente obsoleta e não tinha experiência ou embarcações adequadas para combater submarinos. Os grandes canhões de 305 mm em seus dois couraçados de 1910 eram inúteis contra submarinos. Os portos sem redes antissubmarinas estavam indefesos. Os submarinos podiam entrar furtivamente nas grandes baías do Rio de Janeiro e Salvador da Bahia para afundar navios ali ancorados, e em Recife a área protegida pelo paredão era tão pequena que muitos navios ficavam ancorados fora dela. Tornaram-se presas fáceis. Os submarinos alemães encontrariam uma frota brasileira “incapaz de reagir com eficiência a um ataque surpresa”. A dura verdade era que “a extrema fragilidade da defesa naval brasileira era semelhante à do Exército e da recém-criada Força Aérea”. O Brasil estava pagando o preço pela incapacidade dos sucessivos governos de tirar o país de seu profundo subdesenvolvimento desde a queda do império. O leitor deve lembrar que o Brasil de 1942 era totalmente dependente do mar para o transporte entre suas cidades litorâneas ao norte do Rio de Janeiro. Vitória, Salvador, Maceió, Recife, Natal, Fortaleza, São Luís e Belém eram basicamente ilhas separadas umas das outras por vastas extensões de terra. Os brasileiros, na época, descreviam o país como um arquipélago. Não havia ferrovias de conexão de longa distância ou rodovias para todos os estados. De fato, em 1942-1943, “havia 130 quilômetros de estrada pavimentada naquele vasto país fora das cidades”. A aviação rudimentar estava disponível apenas para uma pequena parcela da elite. O primeiro voo regular entre Rio de Janeiro e São Paulo começou em agosto de 1936 com dois Junkers de fabricação alemã para 17 passageiros. Nesse mesmo ano começou a construção do primeiro aeroporto civil do Brasil, o Santos Dumont do Rio, que só seria concluído em 1947! Significativamente foi construído em aterro na Baía de Guanabara em parte para acomodar os hidroaviões das companhias aéreas internacionais. Tudo movido pela água, o que significava que a economia brasileira poderia ser despedaçada por submarinos. As consequências de tal ataque para a situação política só poderiam ser ruins. Vargas estava se recuperando lentamente de seu acidente automobilístico em maio e não teria condições de manter as coisas em ordem. Além disso, apesar do acordo político-militar firmado com os Estados Unidos em maio, o alto comando brasileiro não tinha pressa em implementá-lo. Providencialmente, Hitler havia aprovado a “Operação Brasil” com a condição de que antes de seu lançamento deveria haver uma revisão da situação diplomática. Isso levou o plano à chancelaria e à mesa do ex-embaixador no Brasil, Karl Ritter, o mesmo que havia sido declarado “persona non grata” e expulso por Oswaldo Aranha. Ritter foi responsável pela ligação entre o Ministério das Relações Exteriores e os militares. Tal ofensiva submarina contra o Brasil ainda oficialmente neutro significaria expandir a guerra. Ritter argumentou que empurrar o Brasil para o conflito poderia ter consequências negativas para as interações com Chile e Argentina, que ainda mantinham relações diplomáticas e comerciais com o Eixo. Além disso, achava que a Itália e o Japão deveriam ser consultados antes de tal ataque. Do ponto de vista operacional, um ataque foi complicado pela grande distância da Europa e pela vulnerabilidade do submarino durante os 26 dias em rota. Os submarinos teriam que emergir regularmente para recarregar suas baterias e, portanto, seriam vulneráveis a ataques. Era verdade que, como o Brasil era neutro, suas cidades seriam iluminadas à noite, facilitando a visão de alvos em silhueta, e a navegação costeira brasileira provavelmente ainda estaria bem iluminada. Deve-se notar que os ataques submarinos aos portos tiveram alguma precedência recente. Em fevereiro de 1942, um submarino alemão atacou uma refinaria em Aruba e um submarino japonês disparou contra uma refinaria em Santa Bárbara, Califórnia. Há alguma confusão sobre quando a “Operação Brasil” foi cancelada e quando e quem ordenou os ataques em agosto. O Coronel Durval Lourenço Pereira reconstruiu cuidadosamente as datas e origens das várias ordens e contra-ordens, mostrando que os almirantes Donitz e Raeder em seus depoimentos de defesa durante os julgamentos de Nuremberg e historiadores americanos foram imprecisos quanto ao momento e à responsabilidade. A realidade surpreendente é que, em vez de uma matilha de submarinos, havia apenas um submarino, o U-507, comandado pelo tenente-comandante Harro Schacht, cujos procedimentos de ataque eram surpreendentemente desumanos. O U-507 foi um dos navios originais designados para a campanha contra o Brasil. Quando o Ministério das Relações Exteriores, isto é, Karl Ritter, se opôs à “Operação Brasil”, ela foi cancelada e os comandantes de submarinos foram instruídos a destruir suas ordens. Eles receberam outras missões no Atlântico. Em 7 de agosto o Tenente Comandante Schacht solicitou por rádio “manobrar livremente” ao longo da costa brasileira. Jürgen Rower, ilustre historiador alemão, ficou intrigado com a missão do U-507, mas suspeitou que ela poderia ter sido motivada pelo desejo de retaliação do comando naval pela participação do Brasil em operações antissubmarinas aliadas. Ele achava que isso contradizia o cancelamento da “Operação Brasil” por Hitler e que era um “erro tolo”. Foi um erro que teve consequências terríveis para os passageiros e tripulantes dos indefesos transportes costeiros brasileiros. U-156 (primeiro plano) e U-507 (fundo) em 15 de setembro de 1942 Na tarde de 4 de julho de 1942, o U-507 de Schacht e um navio companheiro U-130 entraram em mar aberto do porto de Lorient, na costa da Bretanha. Seu destino era um trecho de oceano entre as pequenas ilhotas brasileiras de São Pedro e São Paulo e as ilhas de Fernando de Noronha. As ilhotas ficam a 590 milhas da costa nordeste do Brasil. Sua missão era patrulhar um dos quadrantes pelos quais a marinha alemã dividia o vasto oceano. A viagem de ida transcorreu sem intercorrências, exceto por um encontro com um destróier equipado com sonar, que detectou o U-507 e lançou quatro cargas de profundidade. As cargas erraram o submarino, mas causaram alguns danos leves que produziram um som alto e constante que Schacht temia poder ser detectado à distância. Depois de passar pelos Açores, Schacht foi ordenado por rádio a operar em conjunto com o U-130 comandado pelo capitão Ernst Kals e o submarino italiano Pietro Calvi, mas naquele mesmo dia um destróier britânico afundou o Calvi. Na tarde de 23 de julho, os dois submarinos alemães receberam seus quadrantes de patrulha, sendo informados de que o tráfego cruzava esses quadrantes de maneira dispersa na direção nordeste e vice-versa. Eles estavam patrulhando um trecho do estreito do Atlântico entre Dakar e o Brasil, focados em comboios e navios únicos vindos de Trinidad e Georgetown. Suas ordens levaram os dois submarinos em direções autônomas. O próprio Brasil estava além de sua área. Então, como o U-507 foi parar em águas brasileiras? O U-507 de Schacht estava agora sozinho e não vendo alvos, a tripulação praticou submergir e disparar a arma do convés. Isolado de seus colegas desdobrados no Atlântico Sul, Schacht foi o único comandante que não teve nenhuma “vitória”. Seu companheiro anterior Kals havia afundado dois navios, mas em mais de um mês desde que deixou Lorient, o U-507 não disparou um único torpedo. Durante dez dias não viu nenhum navio, o que o levou a pensar que o tráfego marítimo havia sido desviado para o oeste em direção à costa brasileira. O tédio e o stress devem ter sido corrosivos para o moral da tripulação. Na superfície o calor da zona equatorial, o brilho da luz do sol refletido no mar teriam sido fisicamente drenantes e, enquanto submersos, o fedor dos motores a diesel e o cheiro ácido sulfúrico das baterias elétricas misturavam-se aos odores das roupas sujas. tripulação vestindo os mesmos uniformes por semanas deve ter sido extremamente desagradável. Havia apenas um banheiro disponível para os 56 tripulantes. No dia 3 de agosto o submarino estava a 90 milhas náuticas do litoral cearense quando voltou para o mar aberto. Chegando a um ponto a nordeste das ilhotas de São Pedro e São Paulo, Schacht tomou uma decisão que “traria consequências inesperadas para o esforço de guerra do Eixo”. O submarino U-507 Na noite de 7 de agosto, ele pediu permissão ao Comando Submarino para operar livremente na costa brasileira. Cerca de 15 horas depois, recebeu o sinal verde do Comando de Submarinos: “Mudar rumo e seguir para Pernambuco”. Essa troca de mensagens de rádio mostra que os historiadores estão errados há décadas ao atribuir os ataques à navegação de cabotagem brasileira ao planejado planejamento da marinha alemã ou a ordens de Hitler. Na realidade, foi a decisão de um subcomandante solitário em busca de vítimas. Coincidiu com a presença de um comboio (AS-4) em Recife pronto para seguir para a África carregando tanques Sherman criticamente importantes para as forças britânicas, e os líderes navais alemães esperavam que o U-507 pudesse causar algum dano a ele e aos comboios subsequentes. Em uma análise relacionada à “Operação Brasil”, os planejadores navais alemães deram a Pernambuco considerável importância para a segurança dos comboios aliados. Em 14 de agosto, uma mensagem de rádio para Schacht enfatizou Recife como um ponto de reabastecimento e de encontro para comboios e navios da Flórida via Georgetown para Natal, Ilha de Santa Helena e Cidade do Cabo. Schacht tinha outras ideias. Pensou em ir para o Rio de Janeiro, no entanto, foi dissuadido por seu suprimento de combustível em declínio. O significado das repetidas instruções do Comando Submarino a Schacht era que ele deveria atacar os comboios aliados em direção à Cidade do Cabo e não a navegação costeira brasileira. Por conta própria, ele fez o oposto. A desobediência de Schacht permitiu que o Comboio AS-4 escapasse ileso? Se sim, talvez ele tenha contribuído para a derrota alemã em El Alamein? Ele aparentemente acreditava que a razão pela qual não havia encontrado navios nos dias anteriores era que os Aliados haviam mudado suas rotas mais para o oeste ao longo da costa brasileira. Ele teve a ideia de que os petroleiros estavam entrando no Atlântico através do Estreito de Magalhães e subindo a costa sul-americana até um ponto de passagem para Freetown na África. Ele se esquivou de Pernambuco, que talvez achasse muito protegido. O Almirante Ingram havia escolhido Recife para seu quartel-general porque acreditava que a proximidade de Recife com o Cabo de São Roque, o local mais próximo da África e, portanto, “ponto mais estratégico da América do Sul”, o tornava o melhor porto para suas operações. Agosto de 1942 Desastre no Litoral de Sergipe e Bahia Schacht se instalou no litoral da Bahia e seu grande porto de São Salvador. Lá ele correu menos chance de descoberta antes que ele pudesse atacar. Se o U-507 fosse detectado, poderia mergulhar nas águas profundas da Bahia. O capitão não era covarde, mas era cauteloso. Ele foi um dos 2% dos comandantes de submarinos da Marinha Alemã responsáveis por 30% dos naufrágios durante a guerra. É notável que dos 870 U-boats enviados após o envio dos Aliados, 550 totalmente não afundaram ou danificaram um único navio. De um total de 2.450 navios mercantes aliados enviados para o fundo, 800 foram afundados por apenas 30 comandantes. Harro Schacht estava entre esse número e foi um dos submarinistas mais intrépidos e ousados da Alemanha. Não está claro se ele achava que estava desobedecendo ordens, talvez tenha considerado uma mensagem de rádio de 5 de julho autorizando ataque sem aviso “contra todos os navios mercantes brasileiros, inclusive desarmados e reconhecidos como brasileiros” como sanção suficiente. É claro que a mensagem de 5 de julho não dava permissão para atacar embarcações em águas brasileiras. O Comando de Submarinos Alemão nunca deu ordem para atacar a navegação de cabotagem brasileira. Lembre-se de que Hitler vetou expressamente a “Operação Brasil”. Nos julgamentos de Nuremberg, o Grande Almirante Erich Raeder, comandante da Marinha Alemã, testemunhou que seus submarinos atacaram navios brasileiros porque não tinham uma identificação clara como neutra e que a Alemanha havia aconselhado todos os países sul-americanos a iluminar seus navios para que pudessem ser reconhecidos. à noite. No entanto, o Brasil não foi tão avisado, embora o depoimento de Raeder implicasse que sim. Schacht não sobreviveu por muito tempo a esses eventos e não deixou explicações sobre sua conduta, mas todas as evidências apontam para sua ação como descumprindo ordens ao afundar sete navios em águas costeiras brasileiras. O principal estudioso dos ataques submarinos, Durval Lourenço Pereira, chegou à firme conclusão condenatória: “O massacre nas águas do litoral nordestino aconteceu graças à iniciativa e decisão pessoal do tenente-comandante Harro Schacht”. Desde fevereiro de 1942, o Brasil havia perdido 12 navios para submarinos do Eixo, mas todos estavam na costa leste dos Estados Unidos ou no Caribe e águas adjacentes. De alguma forma, tais perdas poderiam ser aceitas como custos de fazer negócios atravessando zonas de guerra conhecidas. Ser atacado ao viajar de um estado para outro através de “nossas águas territoriais” provocaria emoções muito diferentes. Enquanto isso, o Atlântico Sul assumiu uma importância crescente no verão de 1942, porque os alemães fecharam com sucesso os comboios britânicos que usavam o Ártico acima da Escandinávia para chegar ao porto russo de Arcanjo. As perdas foram tão grandes que a rota do Ártico teve que ser descontinuada. Roosevelt e Churchill estavam determinados a manter a União Soviética lutando. A melhor rota alternativa era o comboio dos Estados Unidos pelo Atlântico Sul, contornando a África através do Oceano Índico até o Irã e daí por terra até o território soviético. Uma ideia da importância da rota pode ser vista nas 47.874 aeronaves que foram enviadas desmontadas para a Rússia pelo “Corredor Persa”. A rota era cerca de 10.000 milhas náuticas mais longa que a do Ártico, mas não havia outra escolha. Isso fez com que o Brasil e as bases ali ganhassem importância. O Brasil foi literalmente a pedra angular no edifício da guerra logística. E a guerra não estava indo bem para os Aliados. Em 2 de janeiro de 1942, Manila caiu para os japoneses, que também varreram as Índias Orientais Holandesas e, no mês seguinte, os britânicos se renderam a Cingapura, perdendo 130.000 tropas capturadas. O Doolittle Raid em Tóquio em 18 de abril foi preditivo do futuro e aumentou o moral dos Aliados, mas pouco fez para mudar a tendência sombria imediata. No Egito, em 21 de junho, o corpo africano supostamente enfraquecido de Rommel surpreendeu os britânicos ao capturar Tobruk em um combate relativamente breve, perdendo outros 6.000 soldados para as forças nazistas, juntamente com todo o seu armamento. A perda do Canal de Suez surgiu como uma possibilidade alarmante. Os alemães chegariam a 70 milhas de Alexandria antes de serem parados em El Alamein em 29 de junho. Sem dúvida, a guerra poderia ser vencida ou perdida no Atlântico Sul. Os exércitos não podem lutar sem armas e todos os tipos de suprimentos e, portanto, rotas seguras de navegação foram cruciais para obter a vitória. É por isso que o Eixo estava enviando submarinos para o Atlântico Sul e porque os Aliados tiveram que destruí-los. Comandante Schacht e ilustração do afundamento do Baependy. Ironicamente, a impaciência e a decisão de Schacht de ir para o Brasil fizeram com que ele perdesse o SS Seatrain Texas, que transportava 250 tanques Sherman navegando para a Cidade do Cabo e, através do Mar Vermelho, para Port Suez. Na Cidade do Cabo, os britânicos deram-lhe o nome de código “Navio do Tesouro”. A história da Marinha Mercante dos EUA concluiu que “Esses tanques Sherman, os primeiros tanques aliados que igualaram o alemão Mark IV Panzer em poder de fogo, foram um fator decisivo na batalha de El Alamein, que começou em 23 de outubro de 1942, e resultou em uma vitória aliada. .” É claro que a intensa cobertura aérea que os aviões do Army Air Corps deram ao Oitavo Exército britânico desempenhou um papel extremamente importante, e eles não estariam lá sem a cooperação brasileira e a base de Parnamirim em Natal. Deixar seu quadrante designado fez com que o U-507 perdesse os importantes alvos de carga. A próxima ação de Schacht causaria guerra entre Brasil e Alemanha. Ele estava indo para o sul, longe de Recife e em direção a Salvador na Bahia. As instruções do Comando Submarino permitiam atacar sem aviso todos os navios mercantes que cruzassem com suas luzes apagadas. Ele sabia que os navios costeiros brasileiros transportavam carga e passageiros. A rigor, os navios de passageiros não estavam na lista de alvos aprovados, mas ele poderia ter ficado frustrado após 40 dias no mar e ainda carregando seu complemento de 22 torpedos. Ele estava se movendo para sudeste e encontraria o vapor de passageiros Baependy em direção norte-nordeste. O confronto desses dois navios tinha uma certa ironia. Eles tiveram o mesmo local de nascimento, no estaleiro Blohm & Voss em Hamburgo. O Baependy havia sido lançado 40 anos antes e havia caído nas mãos dos brasileiros durante a Primeira Guerra Mundial. O U-507 foi lançado em 1939. O navio brasileiro estava com as luzes acesas, mas sua bandeira e nome estavam no escuro. Ao manobrar para a posição de ataque, Schacht viu uma luz no horizonte, provavelmente outro navio. Se ele agisse rapidamente, poderia fazer duas vítimas. Ele lançou dois torpedos cada um com uma mistura explosiva igual a 280 quilos de TNT. Eram 18:25h e o incauto Baependy estava a 1.500 metros de distância. A bordo, os brasileiros tinham acabado de jantar e se reuniam para comemorar o aniversário de um tripulante. Soldados, a maioria cariocas, estavam no convés traseiro tocando seus pandeiros, tamborilando em latas e cantando sambas. Esta cena feliz não foi perturbada, pois ambos os torpedos erraram o alvo e continuaram na escuridão. Schacht havia calculado mal a velocidade do Baependy. Ele correu à frente e voltou em um ângulo melhor antes de lançar mais dois torpedos às 19:12h. Em seu diário, ele anotou “dois tiros para evitar qualquer possibilidade de transmissão de rádio pelo vapor”. Um SOS do navio poderia revelar a presença do submarino. Mesmo que o capitão do Baependy pudesse ter visto os torpedos, em sua velocidade de 40 nós, ele não poderia evitá-los. Os dois torpedos atingiram o Baependy com cerca de 30 segundos de intervalo. Sobreviventes do Baependy Os 320 passageiros ficaram atordoados, alguns congelados de medo absoluto, outros gritando e tentando alcançar o convés. O capitão Lauro Mourinho dos Reis do Sétimo Grupo de Artilharia lembrou que fragmentos de vidro e madeira voavam em todas as direções cortando e matando indiscriminadamente. O segundo torpedo atingiu a casa de máquinas; as luzes se apagaram, deixando todos lutando por uma saída no escuro. No convés, chamas dispararam na noite. Aconteceu tão rapidamente que, apesar dos esforços frenéticos, apenas um dos botes salva-vidas conseguiu descer. Finalmente, no convés, o capitão Lauro entendeu que tinha que pular ao mar para não ser sugado pelo navio afundando. Um maquinista viu o capitão do navio coberto de sangue na ponte, soando o apito do navio repetidamente enquanto afundava. Aqueles que não sabiam nadar se debatiam inutilmente, enquanto outros se agarravam aos destroços flutuantes. Passaram-se quatro minutos desde o impacto até o navio descer primeiro pela proa. Para os 28 sobreviventes no bote salva-vidas solitário, seria uma longa e dramática noite de terror antes de chegarem à terra. Schacht sabia que havia atingido um navio de passageiros, mas não fez nada para ajudar os sobreviventes. Em vez disso, ele atacou o segundo navio, o Araraquara, um navio de luxo relativamente novo. Ele observou que ele estava com as luzes acesas e estava “brilhantemente iluminado”, mas faltava qualquer marca de neutralidade. Duas horas depois de afundar o Baependy, o torpedo do U-507 explodiu no meio do navio, mergulhando o Araraquara na escuridão. Ele tombou e quebrou ao meio e em cinco minutos ele e seus 131 passageiros desapareceram. Quatro tripulantes se agarraram aos destroços, um alucinou e se jogou no mar, e os outros viveram para contar a história. No dia 16 de agosto, às 02:10 da manhã, no litoral norte da Bahia, a terceira vítima foi o Anibal Benevolo, com 154 passageiros e tripulantes a bordo. Dormindo, eles não tiveram tempo para entrar em pânico; o navio afundou em 45 segundos. Apenas quatro tripulantes conseguiram se salvar. U-507 continuou em direção a Salvador. Até agora, foi muito bem sucedido do ponto de vista marcial frio. Os três navios não conseguiram soar um SOS; o submarino alemão avançava sobre Salvador sem ser detectado. Uma das razões pelas quais Schacht escolheu esta região é que a profundidade do mar mergulha de 40 metros ao norte da cidade até 1000 metros na foz da baía. Se descoberto, ele poderia facilmente mergulhar até a profundidade máxima de 230 metros do submarino. Infelizmente para Schacht, nada parecia flutuar na grande baía, exceto um pequeno veleiro que ele não considerava digno de seu aborrecimento. Antes do amanhecer do dia 17, ele voltou para águas profundas, onde às 08:41 avistou um navio a vapor indo para o norte. Era o Itagíba, transportando o restante do Sétimo Grupo de Artilharia do Exército entre outros passageiros. A uma distância de 1000 metros, o torpedo atingiu o navio no meio. Seus passageiros conseguiram descer em botes salva-vidas, embora dois dos botes tenham sido atingidos ou arrastados pelo navio afundando. Dez minutos haviam se passado. Em um ato de misericórdia temporária, Schacht optou por não afundar o iate Aragipe que veio resgatar as pessoas nos botes salva-vidas lotados. Provavelmente ele simplesmente não queria vir à tona para usar sua arma de convés, para não revelar sua posição. O Aragipe conseguiu reunir 150 sobreviventes aterrorizados; os restos foram recolhidos por dois dos botes salva-vidas. Enquanto isso, em Salvador soou um alarme e os navios ficaram retidos no porto. Um navio, o Arará, sem saber do aviso, foi em meio aos destroços flutuantes para resgatar 18 sobreviventes. Observando através de seu periscópio a 200 metros de distância, ele esperou até que todos estivessem a bordo antes de disparar o torpedo. Levantando o periscópio novamente para examinar a cena, ele só conseguiu ver um bote salva-vidas com cinco “não-brancos” nele. No final da tarde, Schacht viu um navio de passageiros vindo em sua direção. Era pintado de cinza e não tinha bandeira ou outras marcas de neutralidade. Ele disparou e o torpedo atingiu sua marca, mas não explodiu. O navio sem nome estava se movendo muito rápido para o U-507 pegá-lo antes de alcançar a segurança no porto. Ele anotou em seu diário: “Não é possível detê-lo com artilharia durante o dia, considerando a proximidade do porto e o perigo aéreo”. USS Somers e o cruzador USS Humboldt Agora estava claro para as autoridades brasileiras e americanas que submarinos operavam em águas baianas. De Recife, o destróier USS Somers e o cruzador USS Humboldt partiram para o sul, e hidroaviões do esquadrão VP-83 saíram em patrulha. Enquanto isso, Schacht, em 18 de agosto, levou o U-507 para o mar para fazer reparos em um problema mecânico em um tubo de lançamento. O hidroavião PBY Catalina 83P6 o encontrou exposto na superfície e atacou com metralhadoras e cargas de profundidade. O U-507 mergulhou rapidamente. O piloto, tenente John M. Lacey, USN, pensou que o havia afundado porque uma mancha de óleo e bolhas de ar apareceram na superfície. Mas tudo o que o ataque fez foi causar um vazamento em um tanque de óleo. Schacht dirigiu seu barco para o sul em direção a Ilhéus em busca de mais alvos. Mas a única embarcação encontrada foi um pequeno veleiro costeiro, em 19 de agosto, em que sua tripulação embarcou, mas não entendendo português aprendeu nada de útil. A Jacyra carregava um caminhão desmontado, caixas de garrafas vazias e cacau. A tripulação mestiça foi enviada para terra e os alemães explodiram o navio. Por que eles se deram ao trabalho de destruir uma nave tão inofensiva é um mistério. O cheiro de óleo combustível os alertou para o vazamento no tanque e a necessidade de reparos. No dia seguinte, o U-507 voltou à entrada da Baía de Todos os Santos, onde encontrou os faróis apagados, mas estranhamente Salvador ainda estava iluminado. No dia 22 Schacht encontrou o navio sueco Hammarem sem luzes e lançou um torpedo, mas falhou. Um segundo atingiu sua marca, mas não explodiu. Ao amanhecer, ele emergiu e disparou a arma de 105 mm no convés traseiro, atingindo a ponte. A tripulação abandonou o navio em chamas, enquanto Schacht manobrava para disparar seu último torpedo do tubo de popa. Virando para o norte, ele definiu o rumo para a França. Deixou para trás um Brasil sedento de vingança. Lojas com nomes alemães foram fechadas. A polícia prendeu alemães. O que alguns chamaram de “Pearl Harbor” do Brasil provocou clamorosas manifestações de rua em todo o país. As ruas de Fortaleza, no Ceará, se encheram de gente invadindo lojas de verdadeiros ou supostos alemães e italianos e incendiando-as. A polícia não conseguiu controlar a multidão. Em Vitória, no Espírito Santo, no dia 17 as autoridades não conseguiram reprimir os desordeiros, que destruíram cerca de 25 prédios, mas levaram todos os cidadãos do Eixo sob custódia, enquanto em Belém do Pará, as notícias dos naufrágios resultaram na destruição de cerca de 20 lojas, escritórios , e casas de supostos cidadãos e simpatizantes do Eixo. Em Manaus houve ruidosas manifestações anti-Eixo que viram numerosos cidadãos do Eixo sendo espancados e feridos. Em Natal houve destruição de propriedades do Eixo e “entusiasmo genuíno contra o inimigo pela primeira vez...”. São Paulo viu grandes grupos de estudantes gritando por guerra e um grande número na praça em frente à Catedral clamando por ação. O Consulado dos EUA em Porto Alegre informou que houve um arrombamento sistemático de lojas pertencentes a supostos simpatizantes do Eixo. “Em todo o Consulado, neste minuto, as lojas estão sendo demolidas.” O dano material já foi grande. O povo brasileiro indignado exigiu uma resposta. Inadvertidamente, o U-507 contribuiria para a eventual vitória dos Aliados por seu ataque não autorizado à navegação brasileira. Depois de puxar o Brasil para a guerra, Schacht retornou à sua base em Lorient, na França. Ao contrário de uma viagem anterior, desta vez não houve medalhas e a recepção não foi calorosa. O U-507 retornou ao mar no final de novembro e viajou de volta ao Brasil, onde patrulhou no Ceará e no Rio Grande do Norte. Na condução dos ataques, Schacht mudou seu procedimento para fazer prisioneiro o capitão do navio predestinado para obter informações precisas sobre cargas e rotas de navegação. No Ano Novo de 1943, ele tinha três capitães da marinha mercante britânica a bordo do U-507. Em um golpe de sorte, em 13 de janeiro de 1943, um USN Catalina PBY, voando para fora da base em Fortaleza, avistou o submarino e lançou quatro cargas de profundidade totalizando 884 quilos de TNT fazendo acertos diretos pondo fim àquele carrasco do Brasil. As viagens de morte do U-507 foram encerradas graças à aliança brasileiro-americana. Fonte: Weapons and Warfare - Operation Brazil and Lone Wolf U-507 1942 Adquira a placa do U-boat U-507 aqui em NOS RASTROS DA HISTÓRIA: CLIQUE AQUI PARA COMPRAR
- Bravo 6 Abatido! A queda do Ten.Av. Aurélio
Neste post vamos mostrar a história do Jambock Tenente Aviador Aurélio Vieira Sampaio, piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça e que perdeu sua vida na Segunda Guerra. O relato a seguir é possível graças ao excelente trabalho de pesquisa, incluso em campo, do Eng. Aeronautico Raffaele Serio. "Em 22 de janeiro de 1945 a ordem de operação do 350th FG previa o envio de oito aviões – duas esquadrilhas (flights) de quatro aviões cada – para atacar um depósito de combustíveis e munição nas proximidades de Pizzighettone (Cremona), referência no mapa K-686301 (objetivo primário): a tarefa é entregue ao 1º Grupo de Caça, e será sua 178ª missão. A atividade dos meses anteriores, com a perda de seis pilotos tinha, sem dúvida, reduzido a disponibilidade deles no 1º GAvCa: isso é contornado através da inclusão nas missões de combate alguns oficiais voluntários, originalmente não admitidos como pilotos mas qualificados como controladores de vôo, e que são submetidos a um rápido curso de adestramento no Thunderbolt e portanto declarados aptos a missões de guerra. Um deles foi o tenente-aviador Aurélio Vieira Sampaio, que de aqui em diante será protagonista desta história: nascido em 31 de maio de 1923 na cidade de Aracaju (capital do estado de Sergipe) no nordeste do Brasil, filho de Lauro Sampaio e Consuelo Vieira Sampaio, foi designado para a esquadrilha Azul do Grupo de Caça e cumpre sua primeira missão de guerra na Itália em 18 de dezembro de 1944. Oficial atrevido e determinado, pede e consegue combater como piloto de caça, submetendo-se voluntariamente a riscos sem sombra de dúvidas muito maior do que aqueles que correria na sua função original. Aquele 22 de janeiro será sua 16ª e última missão, efetuada nos comandos de um caça-bombardeiro P-47D-28-RE matrícula 44-19666, com o vistoso B6 impresso sobre a capota do seu motor e pertencente à Esquadrilha Amarela. Às 13:25 oito caça-bombardeiros P-47D Thunderbolt pertencentes às esquadrilhas Vermelha e Azul decolaram de Pisa sob o comando do Capitão Laffayette Cantarino Rodrigues de Souza; cada avião armado com duas bombas detonantes de 500 libras (227 kg) e oito metralhadoras ponto 50 com 1920 projéteis; os pilotos participantes são Lafayette, Armando, Torres, Keller (vermelha) e Horácio, Aurélio, Correia Netto e Prates (azul). Os aviões superaram os Apeninos em formação mantendo uma cota de 12.000 pés (uns 4.000 metros), e baixam sobre a planície do vale do Pó; o tempo apesar do inverno, é esplêndido, com visibilidade ilimitada. Às 14:15, ao avistar o alvo principal, o depósito de combustível e munição de Pizzighettone, os aviões saem da formação e efetuam o ataque picado individual, lançando as bombas de 3.000 pés (uns 1.000 metros). Resultados; doze bombas destroem cinco edifícios destinados a armazéns na zona meridional do depósito, as bombas lançadas pelo Aurélio atingem um destes, na margem do rio Adda; duas bombas interrompem a linha férrea neste mesmo ponto, outras duas destroem um par de edifícios na margem deste rio dentro da área do alvo, como mostrado na foto nº. 60-503 tirada depois do ataque. As duas esquadrilhas assumem um perfil de vôo à baixa altitude, dividindo-se em quatro seções de dois aviões cada, distanciadas umas das outras, e como de costume saem em busca de objetivos secundários de oportunidade em áreas pré-estabelecidas, para atacar em vôo rasante com fogo de metralhadora. A missão prossegue assim até Piacenza e depois se desvia para o Norte, seguindo a ferrovia em direção de Lodi. Chega portanto à periferia leste de Milão, avistando a zona da estação e do entroncamento ferroviário de Lambrate e Limito, ao longo da linha Milão-Veneza. Vista aérea da cidade de Milão durante a Segunda Guerra Mundial O straffing dos alvos ocasionais localizados pelos aviões consegue, por volta das 14:30, destruir um pequeno automóvel, surpreendido numa estrada nas proximidades de Lodi, e um trator nas vizinhanças de Piacenza. Sobre Piacenza também é encontrada antiaérea ligeira e pesada, porém esparsa e imprecisa. Na zona de Milão os pilotos observam um modesto tráfego de veículos motorizados, e sem dúvida os atacam, entre as 14:30 e 14:45, danificando um veículo de comando e um caminhão na área urbana oriental de Milão, enquanto para os lados de Pioltello destroem um caminhão e uma locomotiva de um trem descoberto na ferrovia Milão-Veneza, nas proximidades da estação de Limito. Este último ataque ao comboio ferroviário é realizado pela seção de dois aviões comandados pelo Capitão Horácio Monteiro Machado, cujo ala é o nosso tenente Aurélio Vieira Sampaio: os dois aviões avistaram o trem enquanto voavam na sua direção após o sobrevôo sobre Pioltello, manobraram para se colocar em melhor posição de tiro, para atingir o flanco da vulnerável locomotiva. Portanto o líder, seguido de perto pelo ala, efetua uma ampla curva na direção sudoeste sobre as granjas de Rodano. Infelizmente a manobra leva os aviões a sobrevoar uma posição antiaérea alemã camuflada, situada em um campo perto do "Portico dell'Occa"; para camufla-la, sobre a mureta que sustenta o pórtico ao norte, os alemães haviam pintado uma típica cruz vermelha dentro de um painel branco, indicando por convenção internacional a presença de uma estrutura hospitalar fixa. A guarnição, tirou rapidamente a camuflagem e tomou posição, abrindo fogo sobre os desavisados Thunderbolts, o primeiro deles já disparando contra a locomotiva. O líder (Horácio), que atacava primeiro e foi surpreendido, trata de sair dali interrompendo o straffing (provavelmente com o avião ligeiramente danificado pelo fogo antiaéreo). O tenente Aurélio ao contrário, sobrevoando em seguida a mesma zona, entra em tiro espesso e preciso da metralhadora antiaérea, já ajustada depois da passagem do primeiro caça. Atingido no motor, cai no território de Rodano chocando-se próximo a fonte Testone pertencente à Granja Briavacca; o jovem piloto perde a vida na explosão e no incêndio a seguir de seu avião. Logo depois no lugar da queda chegam soldados alemães e milícias italianas da Guarda Nacional Republicana (GNR): devido à importância do fato, os destroços do avião são recuperados, enquanto o corpo do piloto, identificado pela dog-tag que cada militar leva consigo em combate, é enterrado em 26 de janeiro de 1945 no cemitério da fração de Cassignanica (cova nº. 43), por disposição do oficial de estado civil de Rodano, Mario Bergamaschi. Do atestado de óbito, redigido então pelo Dr. Arnaldo Lepore, ressaltamos: “... no ano de 1945 a 21 (sic, leia-se 22) de janeiro às 14:30 horas, mais provavelmente alguns minutos depois nas proximidades da Granja Briavacca de Rodano, morreu devido à queda e o incêndio do avião o aviador brasileiro Aurélio Vieira Sampaio B.O 388 T.44-O.C como constava na placa de identificação localizada junto ao corpo, de idade aparente de vinte e cinco anos....”. Ilustração mostrando o percurso de vôo do Capitão Horácio Monteiro Machado e do Ten. Aurélio, notando-se a posição da Flak. Os efeitos do incêndio provavelmente consumiram grande parte da estrutura em liga de alumínio, deixando como partes restantes o grande motor Pratt & Whitney R-2800-59 "Double Wasp" e o turbo compressor General Electric "Type C" situado na parte posterior da fuselagem, muito parecido a um segundo motor para olhos não especializados. Portanto o avião abatido foi erradamente avaliado como bimotor pelos milicianos da GNR. Como de fato foi encontrado genericamente identificado em um documento oficial da República Socialista Italiana, um informe datado de 23 de janeiro de 1945 do Ministério do Interior – Prefeitura Republicana de Milão – Comitê Provincial de Proteção Antiaérea – Prot. N. 2395-120/PA/I, sobre os bombardeios aéreos ocorridos no território da província de Milão. Lê-se sobre o episódio: “... às 11 horas em verdade mais tarde, por volta das 14:30 na cidade de Lodi mais precisamente na localidade de Isola Maggiore foi metralhado e incendiado um veículo motorizado. Lamentam-se os feridos. Na parte da manhã e da tarde aviões hostis metralharam repetidamente a zona central e a periferia da cidade de Milão, danificando caminhões e algumas casas de moradia. Nenhum dano ocorreu às pessoas. Às 14:30 aviões inimigos na cidade de Pioltello efetuaram ações de metralhamento que destruíram um caminhão e lançaram duas bombas explosivas (nos documentos aliados não há indicação de lançamento de bombas no alvo secundário) que atingiram uma casa de colonos causando ferimentos em duas pessoas..... No território da cidade de Rodano às 15:15 um avião inimigo bimotor caiu e matou a tripulação (esta última nota certamente diz respeito à queda do P-47 do Aurélio, único avião aliado perdido na área de Milão naquele dia)....”. Vale ressaltar que tais detalhes, especialmente sobre a hora, as modalidades e ao efeito das incursões, não raramente foram bastante imprecisos: entretanto em comparação com o Daily Report brasileiro se podem notar várias coincidências. No “Diário de Guerra de um Piloto de Caça”, escrito pelo Cap. Roberto Pessoa Ramos (também pertencente ao 1º GAvCa), sobre a data de 22 de janeiro de 1945 se observa a seguinte anotação: “Aurélio foi abatido em Milão. Horácio que estava voando com ele, estava atacando uma locomotiva quando o ouviu falar pelo rádio ‘estou caindo, fui atingido por ponto 50!’. Olhando para trás viu que saía muita fumaça da capota do motor do Aurélio, e comunicando-se pelo rádio mandou que ele saltasse de pára-quedas. Aurélio tinha que puxar o manche para si como forma de ganhar altura para o salto, o avião respondeu mas não por muito tempo e logo perdeu altitude, se chocou com o solo e incendiou-se. O capitão Lafayette, no comando da missão ficou com tanta gana de vingar o amigo abatido que acabou por se precipitar ao fazer um straffing que acabou batendo com a ponta da asa em um árvore.” Este fato está confirmado no “Daily Operations Report-1st Braz. Sqd.-Mission No.178" (versão americana). Na parte onde são detalhadas as perdas de aviões (Own Aircraft Losses-Cause-Crew Casualties), observamos que outros dois aviões da esquadrilha foram danificados ligeiramente (danos CAT I) sem conseqüências para os pilotos: o P-47D-27-RE matricula 42-26778 do Cap. Horácio (líder da esquadrilha Azul, e voando no C2) por obra da antiaérea inimiga, e o P-47D-27-RE matricula 42-26784 (A1) com avarias causadas por um choque contra uma árvore durante um straffing a baixa altitude, certamente o avião do Cap. Lafayette (líder da esquadrilha Vermelha e comandante da missão), como havíamos visto antes. E o avião P-47D-28-RE matrícula 44-19666 (B6), foi destruído por obra da antiaérea ligeira inimiga (Flak) com a perda do piloto, sem sombra de dúvida o Thunderbolt do desafortunado tenente Aurélio. Além disso, na parte onde são detalhadas as observações de Flak (Type Flak-Accuracy-Intensity-Location) está indicada a presença de fogo intenso e preciso de armas leves e de metralhadoras na posição K-355646 (45°28'34"N/9°19'50"E), que corresponde exatamente a um ponto entre Pioltello e Rodano, nas proximidades do cruzamento entre a estrada provincial 182 e a estrada estadual Rivoltana; deve ser lembrado que nem sempre os pilotos conseguiam, devido ao stress do combate, identificar com precisão os locais sobrevoados. Os sete aviões restantes da formação, não sem antes fazer nova observação de uma intensa e precisa reação de antiaérea ligeira próximo a Treviglio, retornam à base por volta das 15:30, depois de haver lançado 16 bombas e disparado 6.880 projéteis de metralhadora ponto 50, de um total de 15.360 projéteis. Amargurados pela perda do seu companheiro, os pilotos são rapidamente interrogados durante o debriefing (reunião pós-missão) com o oficial de inteligência, tenente Miranda Corrêa, que recolhe as informações e redige o "Daily Operations Report", que hoje nos permite junto com outros documentos reconstruir os eventos. Na sua breve carreira de piloto o tenente Aurélio Vieira Sampaio foi condecorado com a Cruz de Bravura, Cruz de Sangue, Cruz de Aviação Fita A e B, Medalha da Campanha da Itália, Medalha do Atlântico Sul e Air Medal (USA). No pós-guerra, seu corpo foi transladado de Cassignanica para o cemitério brasileiro de Pistóia e hoje repousa no Brasil no mausoléu do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro." Busto do Ten. Aurélio no Museu da Gente Sergipana em Aracaju (SE), feito pelo artista plástico Elias Santos. Homenagem contou com a presença da irmã do herói, a Srª Consuelo Vieira Sampaio Vasconcelos Nascimento. Diorama recriando a cena da queda, feito pelo artista Francisco Leão. Cerimônia realizada na cidade de Roldano, Itália. Em homenagem ao aviador, foi celebrada uma missa na catedral da cidade e realizado um desfile cívico-militar pelas principais ruas do centro de Rodano. Participaram civis e representantes de associações de ex-combatentes com suas tradicionais bandeiras. (Leia aqui a reportagem sobre a homenagem na Itália). TEXTO RETIRADO DO SITE SENTANDO A PUA (veja o artigo original aqui ) A página no instagram @GRUSEF1942 mantém viva a memória do Tenente Aurélio por meio de diversos projetos baseados em Aracaju, cidade natal do piloto. Agradecimentos Às seguintes pessoas gostaria de expressar meus profundos agradecimentos pela colaboração: Luis Gabriel; Giuseppe Versolato; Roberta Oppio; cidade de Rodano; Cesare Muratore; seção de pesquisa histórica de Rodano; biblioteca pública de Rodano; Ernesto Marazzi e família; Manuela Ponissi e Achille Rastelli Sobre o Autor deste texto: Raffaele Serio nasceu em 1961 e por muito tempo viveu em Erba; casado, reside atualmente em Asso (Como). Engenheiro Aeronáutico, trabalha na società Aermacchi SpA di Venegono Superiore (Varese), colaborando no desenvolvimento do novo avião militar italiano de treinamento avançado M-346. Apaixonado pela aeronáutica e história da aviação, realiza pesquisas de arquivos para reconstruir os bombardeios aéreos que foram realizados contra a província de Como durante a Segunda Guerra Mundial. Aproveite e adquira também a placa em homenagem ao 'Bravo 6' pilotado pelo Ten. Aurélio. Feita em madeira pinus e pintada a mão! CLIQUE AQUI PARA COMPRAR
- Quando a cobra fumou nos games!
O ano era 2005 e esse que vos escreve estava a jogar um game chamado Operation Flashpoint, foi ali que meu conhecimento sobre o campo militar amadureceu e se ampliou. Neste game para PC, que é considerado um simulador de combate, eu comecei a desenvolver modificações retratando as Forças Armadas Brasileiras, resultando em inúmeros trabalhos que culminaram em modificações amplas (MODs) desse referido game, matérias em revistas e até exposições na Campus Party de 2009! O trabalho foi o precursor na área de modificações em games voltados a retratar soldados brasileiros e a ele foi dado continuidade nas versões posteriores do Operation Flashpoint, sendo estes os games Armed Assault, ArmA2 e ArmA3, todos simuladores de alto nível. Este trabalho, bem como o game, serão disponibilizados para download aqui no site em breve! Confira alguns vídeos dos meus trabalhos nesses jogos:
- Visita ao Normady American Cemetery
O Cemitério e Memorial Americano da Normandia é um cemitério e memorial da Segunda Guerra Mundial em Colleville-sur-Mer, Normandia, França, que homenageia as tropas americanas que morreram na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Ele está localizado no local do antigo cemitério temporário do campo de batalha de Saint Laurent, e abrange 172,5 acres e contém 9.388 túmulos. Um memorial no cemitério inclui mapas e detalhes dos desembarques na Normandia e as operações militares que se seguiram. No centro do memorial está o Spirit of American Youth Rising from the Waves , uma estátua de bronze. O cemitério também inclui dois mastros de bandeira diferentes, que em dois momentos diferentes as pessoas se reúnem em torno das bandeiras americanas para vê-las abaixar e dobrar as duas bandeiras. Isso não apenas honra os Estados Unidos, mas a todos os 9388 militares enterrados no cemitério, além de todos os que lutaram na guerra. O cemitério, que foi erguido em 1956, é o cemitério mais visitado da Comissão Americana de Monumentos de Batalha (ABMC), com um milhão de visitantes por ano. Em 2007, a ABMC abriu um centro de visitantes no cemitério, relacionando o significado e o significado global da Operação Overlord . Em 8 de junho de 1944, a 607th Quartermaster Graves Registration Company do Primeiro Exército dos EUA estabeleceu o cemitério temporário, o primeiro cemitério americano em solo francês na Segunda Guerra Mundial. Após a guerra, o cemitério atual foi estabelecido a uma curta distância a leste do local original. Foi erigido em 19 de julho de 1956, na presença do almirante americano Kinkaid da Marinha dos EUA, representando o presidente Dwight D. Eisenhower, e o general francês Ganeval , representando o presidente René Coty . Como todos os outros cemitérios americanos no exterior na França, durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, a França concedeu aos Estados Unidos uma concessão perpétua especial à terra ocupada pelo cemitério, livre de qualquer encargo ou imposto para honrar as forças. Não se beneficia da extraterritorialidade e, portanto, ainda é solo francês. Este cemitério é administrado pela American Battle Monuments Commission , uma pequena agência independente do governo federal dos EUA, sob atos do Congresso que fornecem apoio financeiro anual para sua manutenção, com a maioria dos militares e civis empregados no exterior. A bandeira dos EUA tremula sobre esses solos concedidos. O cemitério está localizado em um penhasco com vista para a praia de Omaha (uma das praias da invasão da Normandia) e o Canal da Mancha . Abrange 172,5 acres e contém os restos mortais de 9.388 militares americanos, muitos dos quais foram mortos durante a invasão da Normandia e as operações militares subsequentes na Segunda Guerra Mundial. Incluem-se túmulos de equipes do Corpo Aéreo do Exército abatidas sobre a França em 1942 e quatro mulheres americanas. Apenas alguns dos soldados que morreram no exterior estão enterrados nos cemitérios militares americanos. Quando chega a hora de um enterro permanente, é perguntado aos familiares mais próximos se querem que seus entes queridos sejam repatriados para enterro permanente nos EUA ou enterrados no cemitério mais próximo do exterior. Número de enterros Em 19 de junho de 2018, Julius HO Pieper foi colocado para descansar ao lado de seu irmão gêmeo, Ludwig JW Pieper, e tornou-se o 9.388° militar enterrado no Cemitério Americano da Normandia. Esses enterros são marcados por lápides de mármore branco Lasa , das quais 9.238 são cruzes latinas (para protestantes e católicos) e 151 são estrelas de Davi (para judeus). Como essas eram as únicas três religiões reconhecidas na época pelo Exército dos Estados Unidos, nenhum outro tipo de marcador está presente. O cemitério contém os túmulos de 45 pares de irmãos (30 dos quais enterrados lado a lado), pai e filho, tio e sobrinho, 2 pares de primos, 3 generais, 4 capelães, 4 civis, 4 mulheres, 147 Afro-americanos e 20 nativos americanos. 307 soldados desconhecidos são enterrados entre os outros membros do serviço. Suas lápides diziam: " AQUI DESCANSA EM GLÓRIA HONRADA UM Camarada em braços conhecidos, mas para Deus " . A leste do Memorial fica o Muro dos Desaparecidos, onde estão inscritos os nomes de 1.557 militares declarados desaparecidos em ação durante a Operação Overlord. 19 desses nomes ostentam uma roseta de bronze, o que significa que seu corpo foi encontrado e identificado desde a dedicação do cemitério. Enterros notáveis Entre os enterros no cemitério estão três ganhadores da Medalha de Honra, incluindo Theodore Roosevelt Jr. , filho do Presidente Theodore Roosevelt . Após a criação do cemitério, outro filho do Presidente Roosevelt, Quentin, morto na Primeira Guerra Mundial , foi exumado e enterrado ao lado de seu irmão Theodore Jr. Enterros notáveis no cemitério incluem: Jimmie W. Monteith , ganhador da Medalha de Honra Frank D. Peregory , ganhador da Medalha de Honra Theodore Roosevelt Jr. , filho do Presidente Theodore Roosevelt, ganhador da Medalha de Honra Quentin Roosevelt , filho do presidente Theodore Roosevelt, aviador morto em ação na Primeira Guerra Mundial e enterrado ao lado do túmulo de seu irmão, Theodore Roosevelt Jr. Lesley J. McNair , general do Exército dos EUA, um dos dois americanos de mais alto escalão a ser morto em ação na Segunda Guerra Mundial Dois dos irmãos Niland, Preston e Robert, cuja história inspirou Saving Private Ryan, de Steven Spielberg Memorial O Memorial consiste em uma colunata semicircular com uma loggia em cada extremidade, contendo mapas e narrativas das operações militares. Ele é construído em calcário médio-duro da parte superior da Borgonha . Dois dos mapas, projetados por Robert Foster, têm 32 pés de comprimento e 20 pés de altura. No centro, há uma estátua de bronze de 6 metros de altura, intitulada O espírito da juventude americana nascendo das ondas, de Donald De Lue . Sobre os arcos do Memorial está gravada “ ESTE SOLO SAGRADO, PORTAL DA LIBERDADE, É PARA SEMPRE CIRCUNDADO PELOS IDEIAIS, DE VALOR E SACRIFÍCIOS DE NOSSAS NAÇÕES IRMÃS ” . Aos pés do Memorial está gravado em inglês e francês “EM ORGULHO ORGANIZADO DAS CONQUISTAS DE SEUS FILHOS E EM HUMILDE HOMENAGEM AOS SEUS SACRIFÍCIOS, ESTE MEMORIAL FOI ERGUIDO PELOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA” .
- OMAHA BEACH - DIA D - Visita aos bunkers WN60 e WN62
Acompanhe mais essa aventura pelas terras da Normandia, na França! Desta vez levo vocês para conhecer um pouco mais da praia mais histórica do mundo, Omaha Beach, onde, no dia 6 de junho de 1944, ocorreu a maior invasão anfíbia da história! Omaha beach foi o setor mais difícil dessa invasão, sendo que só no lado americano 4.500 soldados morreram num único dia! As marcas dessa batalha, que já faz 75 anos, estão por todo lugar em Omaha. Aproveitamos para conhecer alguns dos pontos mais incríveis desse lugar: o bunker de nome-código WN62, que ficou famoso por ser o obstáculo mais difícil de dominar no dia-D. Ali, um soldado alemão, Heinrich Severloh, foi responsável, pela morte de 2000 soldados americanos, tornando esse ponto da praia o que teve mais mortes. Por esse motivo o cemitério militar norte-americano está bem atrás desse local. Outro ponto de interesse é o bunker de nome-código WN60, aqui o destaque fica para a vista, a melhor que se pode ter de Omaha. Um ponto de difícil acesso que poucos turistas frequentam ao contrário dos outros lugares. Tornando-o um achado! Aproveite para aprender mais sobre essa importante página da história mundial, e, principalmente, aprender sobre esses soldados que deram suas vidas para que você, eu, e a humanidade, pudesse desfrutar dessa palavra tão poderosa: "LIBERDADE".
- Visita ao Cemitério Militar Alemão de La Cambe
Uma visita ao cemitério militar alemão localizado na vila francesa de La Cambe, região Calvados - Normandia. Próximo a praia de Omaha! Neste cemitério estão enterrados mais de 20 mil combatentes alemães que perderam suas vidas no decorrer da batalha da Normandia, entre os meses de junho e agosto de 1944.












