Mapa revela os bastidores da guerra no Atlântico Sul: um tributo visual à defesa da costa brasileira
- Fernando Lino Junior
- há 2 horas
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Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil foi palco de um dos capítulos menos lembrados do conflito global: a guerra submarina no Atlântico Sul. Para resgatar essa memória, o pesquisador Fernando Lino Jr., idealizador do projeto Nos Rastros da História, lançou um mapa inédito e detalhado que mostra toda a movimentação bélica ocorrida na costa brasileira durante o período. Com colaboração do historiador Rudnei Dias da Cunha, o material reúne naufrágios, bases militares e pontos estratégicos que marcaram a presença de forças aliadas e do Eixo no litoral do país.

Sob o título “A Guerra no Atlântico Sul: Defesa da Costa Brasileira”, o pôster traz à tona um dos capítulos mais trágicos e esquecidos da Segunda Guerra Mundial: os ataques a embarcações em plena costa brasileira. A cartografia histórica revela a localização exata de mais de 70 naufrágios ocorridos em águas jurisdicionais do Brasil, entre navios mercantes e militares, tanto de nações aliadas quanto do Eixo. Esses naufrágios não apenas representaram perdas materiais, mas simbolizaram o impacto direto da guerra sobre a população civil brasileira, muitas vezes alheia ao conflito global até então.
Entre esses episódios, destacam-se os ataques que atingiram 17 embarcações brasileiras, vitimando mais de 1.600 pessoas — a maioria civis, incluindo mulheres e crianças. A brutalidade desses ataques submarinos, promovidos principalmente por U-boats alemães, gerou pânico na população e acelerou a entrada do Brasil na guerra. No entanto, apesar da gravidade e da comoção na época, esse drama marítimo raramente é abordado nos livros escolares, tornando o mapa uma ferramenta essencial para a preservação da memória nacional e para o reconhecimento das vidas perdidas em uma guerra que também foi travada em nosso litoral.
A rede de defesa: Brasil e Estados Unidos lado a lado
O mapa destaca ainda a complexa estrutura de defesa organizada entre Brasil e Estados Unidos. Estão registradas todas as bases da Força Aérea Brasileira (FAB), da Marinha do Brasil, e também as bases aéreas e navais norte-americanas construídas ou utilizadas durante a guerra, em locais estratégicos como Belém, Natal, Recife, Salvador, e até Rio Grande (RS).
Essa cooperação foi fundamental para o monitoramento das águas do Atlântico Sul, garantindo suporte logístico e operacional à 4ª Frota da Marinha dos EUA, encarregada da patrulha antissubmarino na região. O mapa evidencia como o Brasil se tornou uma peça-chave no tabuleiro de guerra do hemisfério ocidental.

Os fantasmas do oceano: U-boats afundados
O mapa destaca com clareza os pontos onde submarinos alemães foram afundados ao longo da costa brasileira. Essas embarcações, pertencentes à temida Kriegsmarine de Hitler, patrulhavam o Atlântico Sul em missões de ataque contra navios mercantes e de guerra, buscando interromper o fluxo de suprimentos entre os Aliados. A representação precisa desses locais no pôster permite visualizar o alcance da ofensiva submarina nazista e a resposta enérgica das forças aliadas e brasileiras em conter essa ameaça silenciosa.
A presença dos U-boats nas águas tropicais foi um dos maiores desafios estratégicos enfrentados pelo Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Além de causar destruição e mortes, os ataques desses submarinos forçaram a instalação de bases aéreas e navais no litoral, transformando cidades como Natal, Recife e Salvador em centros militares de importância vital. Os combates que levaram à destruição de vários U-boats demonstram a eficácia da cooperação entre Brasil e Estados Unidos, e também revelam que a guerra submarina não se restringiu ao Atlântico Norte — ela também teve seu capítulo mortal nas águas do sul global.
Uma memória visual acessível
O mapa está disponível em formato pôster A3 por R$ 9,00 para quem deseja adquirir a versão impressa — ideal para colecionadores, professores e entusiastas da história militar. Também foi disponibilizada uma versão digital gratuita, com o intuito de democratizar o acesso ao conhecimento e fomentar o interesse por um episódio crucial da história nacional.
Segundo Fernando Lino Jr., “a proposta é não deixar essa memória naufragar. Milhares de brasileiros perderam a vida ou foram diretamente impactados pela guerra, e isso precisa ser lembrado”.
A iniciativa ainda conta com referências de fontes sólidas e pesquisas detalhadas, como o acervo do site Sixtant, referência internacional em história naval da Segunda Guerra, Acervo histórico da Marinha do Brasil e Arquivos da US Navy.
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