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U-boats da Segunda Guerra Mundial: Os Diferentes Tipos de Submarinos Alemães

  • Foto do escritor: Fernando Lino Junior
    Fernando Lino Junior
  • 4 de jul.
  • 5 min de leitura

Durante a Segunda Guerra Mundial, os U-boots (abreviação de Unterseeboot, ou “submarino” em alemão) foram a principal arma naval da Alemanha nazista. Eles formaram a espinha dorsal da chamada Guerra do Atlântico, atacando comboios aliados, bloqueando suprimentos e desafiando o domínio marítimo britânico e americano. O que muitos não sabem é que existiram vários tipos e subtipos de U-boats, com funções e características distintas, evoluindo ao longo do conflito de acordo com as exigências do teatro de guerra.


Tipo II – Os Primeiros Caçadores Costeiros


Os primeiros U-boats produzidos em massa pelo Terceiro Reich foram os da classe Tipo II, criados logo após a ascensão de Hitler ao poder e a violação do Tratado de Versalhes. Pequenos e com pouca autonomia, os Tipo II tinham uso limitado, sendo chamados de forma pejorativa de "canoas" pelos próprios submarinistas alemães. Com comprimento médio de 40 metros, eram usados para patrulhas costeiras no Mar do Norte e Báltico, além de servir como submarinos de treinamento.

U-boat Type IIA
U-boat Type IIA
Maquete do U Boat Type IIB submarino U-23
Maquete do U Boat Type IIB submarino U-23

Apesar das limitações, foram fundamentais no início da guerra e no preparo das tripulações que mais tarde operariam os modelos maiores.


Familia de submarinos do Tipo II
Familia de submarinos do Tipo II

Tipo VII – O Cavalo de Batalha da Guerra Submarina


O Tipo VII foi, sem dúvida, o mais icônico, numeroso e versátil entre todos os U-boats utilizados pela Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Desenvolvido ainda nos anos 1930, tornou-se o modelo padrão da força submarina da Kriegsmarine, sendo responsável por grande parte dos afundamentos aliados nos primeiros anos do conflito.


Com mais de 700 unidades produzidas — só o Type VIIC teve mais de 600 unidades construídas —, o Tipo VII se destacou por seu projeto equilibrado: era relativamente pequeno, rápido para construir, eficiente em combate e ideal para as condições do Atlântico Norte, onde se travou a maior parte da guerra submarina.


Características gerais do Tipo VII:

  • Comprimento (VIIC): Cerca de 67 metros

  • Deslocamento: Aproximadamente 760 toneladas em superfície

  • Velocidade: 17 nós (emergido) / 7 nós (submerso)

  • Autonomia: Cerca de 8.500 km em superfície

  • Armamento: 5 tubos de torpedo (4 na proa, 1 na popa), com 14 torpedos a bordo

  • Tripulação: Entre 44 e 52 homens

U-boat Type VII sendo lançado ao mar.
U-boat Type VII sendo lançado ao mar.

Principais subtipos do Tipo VII:

  • VIIA (1935–1937):O protótipo funcional da classe, com apenas 10 unidades construídas. Era limitado em autonomia e torpedos, mas serviu de base para os modelos posteriores.

  • VIIB:Introduziu melhorias de alcance, com tanques de combustível maiores, além de motores mais potentes. Foi com esse modelo que os primeiros sucessos da guerra submarina foram alcançados.

  • VIIC:O modelo mais produzido da guerra. Considerado o “padrão ouro” da frota alemã, com pequenas melhorias estruturais e eletrônicas em relação ao VIIB. É o U-boat retratado no famoso filme "Das Boot", que mostra com realismo o cotidiano e a tensão a bordo.

  • VIIC/41:Modelo com casco reforçado, projetado para mergulhos mais profundos (até 250 metros). Era também mais leve e resistente que o VIIC padrão.

  • VIID:Versão alongada com capacidade de lançar minas navais. Apenas seis unidades foram construídas, pois a estratégia de minagem submarina não se mostrou tão eficaz quanto o esperado.

  • VIIF:Modelo logístico com capacidade de transportar até 40 torpedos, usado para reabastecer outros U-boats em alto-mar. Também teve produção limitada (apenas 4 unidades).


Família de submarinos Type VII
Família de submarinos Type VII

O Type VII foi o principal protagonista da Batalha do Atlântico, especialmente entre 1940 e 1943, quando os comboios aliados ainda eram vulneráveis. Sua presença era tão marcante que muitos marinheiros aliados referiam-se aos submarinos alemães como “VII”, mesmo quando eram de outro tipo. Porém, com o avanço das tecnologias de radar, sonar (ASDIC), escoltas e aviões de patrulha, o U-boat começou a sofrer altas taxas de perda, principalmente a partir de 1943.

Mesmo assim, o legado do Type VII é indiscutível: afundou milhares de navios mercantes, desafiou o domínio naval britânico e levou os Aliados a investir pesadamente em contramedidas.

Vista de um Type VIIC, o principal tipo desta família de u-boats.
Vista de um Type VIIC, o principal tipo desta família de u-boats.

O Type VIIC ganhou imortalidade cultural graças ao clássico filme alemão "Das Boot" (1981), dirigido por Wolfgang Petersen. Baseado no livro de Lothar-Günther Buchheim, o longa retrata com precisão o claustrofóbico e perigoso cotidiano da tripulação de um U-boat em patrulha no Atlântico. O sucesso do filme ajudou a fixar a imagem do Type VII como símbolo da guerra submarina da Alemanha.



Tipo IX – O Explorador de Longo Alcance


O Tipo IX foi desenvolvido com um único objetivo: chegar mais longe. Esses submarinos eram maiores, mais pesados e com mais autonomia do que os Tipo VII. Eram ideais para missões em áreas distantes, como o Atlântico Sul, o Caribe, o Oceano Índico e até o Pacífico. Por conta disso, foram os modelos que mais atuaram na costa brasileira, africana e asiática.

Família de U-boats da classe IX
Família de U-boats da classe IX

Subtipos da classe IX:

  • IXA e IXB: Primeiros modelos, ainda com limitações.

  • IXC: Versão mais estável, muito usada entre 1941 e 1943.

  • IXC/40: Autonomia ampliada.

  • IXD1: Versão experimental usada como reabastecedor de combustível.

  • IXD2: Maior e mais potente da série, com quase 88 metros de comprimento, seis tubos de torpedo e capacidade de atacar em regiões remotas.

  • IXD/42: Última evolução, com melhorias técnicas, mas pouco utilizada devido ao estágio avançado da guerra.


U-boats IXD2 na costa brasileira:

Dois submarinos desse tipo atuaram diretamente no Brasil:

  • U-199: Afundado em julho de 1943 no litoral do Rio de Janeiro, após ataque conjunto da FAB e da Marinha dos EUA.

  • U-861: O único U-boat a afundar um navio de guerra brasileiro — o Vital de Oliveira, em julho de 1944, na costa de Sergipe.

U-861 e sua tripulação, note a torre com o simbolo do u-boat
U-861 e sua tripulação, note a torre com o simbolo do u-boat

Tipo XIV – As “Vacas-leiteiras” do Atlântico


Enquanto os Tipo IX e VII patrulhavam os oceanos, os Tipo XIV atuavam em segundo plano. Eram submarinos de reabastecimento logístico, apelidados de “vacas-leiteiras” (Milchkühe), responsáveis por fornecer combustível, torpedos, mantimentos e até tripulantes para manter os U-boats operando por mais tempo no mar.

Planta de um U-boat XIV
Planta de um U-boat XIV
Um u-boat XIV em alto mar.
Um u-boat XIV em alto mar.

Com cerca de 67 metros de comprimento, eles não possuíam armamento ofensivo e eram altamente visados pelos Aliados. A destruição dessas embarcações era estratégica para interromper as patrulhas alemãs de longo alcance.


Tipo XXI – O Submarino do Futuro

No final da guerra, a Alemanha lançou o Tipo XXI, o primeiro submarino verdadeiramente projetado para operações submersas prolongadas, diferentemente dos modelos anteriores, que precisavam emergir frequentemente.


Conhecido como "Elektroboot", o Type XXI possuía:

  • Motores elétricos avançados.

  • Baterias de alta capacidade.

  • Capacidade de operar submerso por dias.

  • Disparo de torpedos em salva com recarga automática.

Comparação das famílias de U-boats
Comparação das famílias de U-boats
Maquete do XXI
Maquete do XXI
O U-3008 seguindo para alto mar.
O U-3008 seguindo para alto mar.

Com quase 77 metros de comprimento e 23 torpedos, era capaz de escapar do sonar e atacar com precisão. No entanto, entrou em operação tarde demais para influenciar o rumo do conflito. Menos de 5 foram usados em missões reais, mas sua tecnologia foi copiada por soviéticos e americanos após o fim da guerra, influenciando gerações de submarinos da Guerra Fria.


Outros tipos experimentais e especiais

  • Tipo X (XB): Submarinos minadores.

  • Tipo XVII e XVIII: Equipados com propulsão experimental baseada em peróxido de hidrogênio (Walter turbines), nunca usados em combate.

  • Tipo XXIII: Versão menor do XXI, para missões costeiras.



A frota de U-boats da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial não foi homogênea. Ao contrário, foi composta por diversos tipos adaptados a funções específicas — desde os pequenos Tipo II até os gigantescos e futuristas Tipo XXI. Cada um refletia uma fase da guerra, suas necessidades e a evolução tecnológica de uma marinha que, mesmo inferior em número, levou os Aliados ao limite nos mares.



Os U-boats não foram apenas armas, mas símbolos de uma guerra silenciosa e mortal travada abaixo da superfície dos oceanos — uma guerra onde o fator surpresa e a resistência do homem em ambientes extremos decidiram o destino de milhares de navios.

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