Cinema de Guerra Nacional Ganha Força com o curta “Operação Chiesa”
- Fernando Lino Junior
- 12 de nov.
- 3 min de leitura

O curta-metragem "Operação Chiesa", escrito e dirigido por Felipe Freitas, é um mergulho sensível e poderoso na memória da Força Expedicionária Brasileira (FEB) — e nos fantasmas que a guerra deixa em cada combatente. Com produção da Paulista Filmes, em co-realização com a Prefeitura de Caieiras, o filme foi realizado através da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), com apoio do Ministério da Cultura.
Baseado em episódios verídicos da campanha da FEB na Itália, o curta utiliza a ficção como ferramenta para resgatar uma história real muitas vezes esquecida. A narrativa se passa em 1945, nos arredores de Bolonha, onde um pelotão brasileiro recebe a missão de ocupar um monte estratégico, coroado por uma igreja — local que, se dominado pelos alemães, comprometeria a passagem das tropas aliadas rumo ao norte da Itália.

Após um combate brutal, restam apenas dois sobreviventes: o soldado Vicente, interpretado por Felipe Freitas, e o médico de combate Gael, vivido por Marco Silvestre. Feridos física e emocionalmente, ambos se veem diante da escolha entre a desistência ou a continuidade da missão — não por ordens superiores, mas por honra aos que tombaram.
Vicente: o peso invisível da guerra

Felipe Freitas entrega uma atuação intensa como Vicente, um homem marcado pelas perdas, pelo cansaço e pela desesperança. Não há glória para ele no campo de batalha — apenas cicatrizes. Vicente representa o soldado que, mesmo vivo, não consegue mais se reconhecer. Seu olhar vago e sua postura endurecida revelam a face menos romantizada da guerra: aquela em que o verdadeiro inimigo se instala dentro do próprio peito.
Gael: entre o amor e o dever

Na pele do médico Gael, Marco Silvestre traduz a essência do sacrifício e da empatia. Movido por um amor distante — sua noiva, a quem talvez nunca mais veja —, ele mantém o foco em salvar vidas e concluir a missão, mesmo em meio ao caos. Gael é o contraponto de Vicente: onde um vê fim, o outro encontra sentido. É esse contraste que conduz a trama com força emocional e dramaticidade.
Técnica, talento e autenticidade
Com Lucas Ackerman na direção de fotografia, o filme carrega uma estética crua e realista, reforçada pela assistência de câmera de Gabriel Roko e Roger Ackerman, que também assina o som direto. A maquiagem, assinada por Fernanda Freitas, e os registros still da fotógrafa Pamela Araujo contribuem para a imersão no cenário histórico.
A produção contou ainda com a assistência de Fernando Silva, além de um elenco coeso, formado por Leo Rodrigues, Julio Rodrigues, David Cortez, Luís Fernando e Gustavo Sevilhano. Cada um contribui para construir uma narrativa que vai além do heroísmo: é sobre humanidade, perdas e escolhas.
Réplicas históricas para uma história verdadeira
Para trazer ainda mais realismo à produção, o curta utilizou réplicas históricas produzidas por Nos Rastros da História — desde armas até capacetes. Esses itens, disponíveis na loja especializada, foram essenciais para dar vida ao cenário de guerra com fidelidade, reforçando a missão de preservar a memória da FEB por meio de objetos que contam histórias.
"Operação Chiesa" é mais que um filme de guerra. É um tributo aos esquecidos, uma reflexão sobre as feridas abertas no silêncio e uma homenagem aos brasileiros que cruzaram o oceano em nome da liberdade. Um curta que emociona, ensina e faz lembrar: a guerra termina, mas nem todos voltam inteiros.
Confira o curta:

















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